A inflação é o critério utilizado para promover atualizações no âmbito financeiro, que vão desde o reajuste do salário mínimo ao preço de alimentos, insumos, aluguéis, etc. Até mesmo o Bolsa Família tem sido prejudicado pelo alto índice inflacionário.
O programa tem o objetivo de assegurar melhores condições de vida a famílias em situação de pobreza e pobreza extrema através da educação, alimentação e saúde. No entanto, assim como a renda de quem tem direito ao programa, a oferta do Bolsa Família é mínima, por hora de R$ 189.
O Governo Federal tem se empenhado na aprovação de um novo programa social, o Auxílio Brasil, que será a transferência de renda substituta do Bolsa Família.
Enquanto isso, os beneficiários do programa são contemplados por parcelas que variam entre R$ 150, R$ 250 e R$ 375 pagas pelo auxílio emergencial.
De toda forma, o propósito do Bolsa Família está cada vez mais distante de ser cumprido, tendo em vista que o poder de compra dos brasileiros em geral, sobretudo desses beneficiários, atingiu um novo patamar, o pior no decorrer de sete anos.
A oferta atual do Bolsa Família possibilita a aquisição de apenas 30% dos componentes de uma cesta básica.
Vale destacar que este percentual atende às necessidades de apenas uma pessoa do grupo familiar. Este um terço da alimentação não é o suficiente nem mesmo para um indivíduo, quem dirá para toda a família.
Dados apurados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a inflação atinge principalmente quem possui muito pouco ou quase nada.
No acumulado de um ano, o índice inflacionário teve um aumento de 10,6% para as famílias cuja renda é extremamente baixa. Por outro lado, as famílias de classe alta contaram com um aumento na margem de 8%. Esses números apontam nitidamente que, quem ganha menos possui gastos muito maiores.
O levantamento começou a ser feito no ano de 2015, época em que o Bolsa Família permitia que as famílias em situação de pobreza e extrema pobreza conseguissem adquirir quase a metade de uma cesta básica mensal.
No entanto, em 2016, devido ao impeachment de Dilma Rousseff, o aumento da inflação deu um salto, fazendo com que os recursos oferecidos pela transferência de renda equivalesse a somente 39,4% de uma cesta básica.
Na oportunidade, a economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Patrícia Costa, comentou que a situação está diretamente ligada às decisões políticas e econômicas do Brasil. Ela ainda lembrou sobre o alto volume de exportações de alimentos durante a pandemia.
“Então, no momento de uma crise sanitária, da qual você desconhece a proporção, você simplesmente continua exportando, quando o certo era diminuir esse movimento, como outros países fizeram. Mas, no Brasil, isso não aconteceu, porque aqui tudo foi tratado como uma ‘gripezinha’”, ponderou.
Em uma lista que pesquisou a situação de 37 países, o Brasil ocupa o quinto lugar com a maior inflação já registrada até o mês de agosto de 2021.
Diante da alta de 0,87% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a taxa oficial atingiu 9,68% nos últimos 12 meses, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).