A chegada de Bolsonaro em encontro promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) já foi um momento polêmico devido ao presidente do Brasil ter sido o único líder não vacinado. No entanto, o discurso do chefe do Executivo teve repercussões curiosas devido as suas alegações, uma delas se refere ao auxílio emergencial.
De acordo com Bolsonaro, em 2020 o Governo Federal pagou um auxílio emergencial no valor de US$ 800 para cerca de 68 milhões de brasileiros. É preciso ter em mente que o valor médio pago à população foi de R$ 600, sendo que as mães solteiras chefes de famílias monoparentais receberam o dobro, R$ 1.200.
Com base na cotação atual do dólar, ao serem convertidas essas quantias resultaram em US$ 113 e US$ 223, valores um tanto quanto distantes da menção sobre um benefício de US$ 800. Um levantamento feito pela Caixa Econômica Federal (CEF), mostrou que o Governo Federal pagou 293,1 bilhões a, aproximadamente, 68 milhões de pessoas no ano passado.
A média total recebida por cada cidadão brasileiro no decorrer do ano passado é de R$ 4,3 mil, que se convertido em dólares, daria US$ 813, se encaixando no discurso do presidente que gerou confusão.
Estes dados consideram todos os repasses realizados até o dia 9 de fevereiro de 2021, época em que o auxílio emergencial foi oficialmente cessado até que houvesse a análise de uma nova edição.
De acordo com a Caixa Econômica, o auxílio emergencial se consolidou como a maior transferência de renda realizada na história do Brasil. Bolsonaro utilizou as medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19 como justificativa para a oferta assistencial. Ele também disse que o lockdown impactou diretamente na alta da inflação, sobretudo nos alimentos.
“No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de 800 dólares para 68 milhões de pessoas em 2020″, disse Bolsonaro em discurso na ONU.
Portanto, Bolsonaro não explicou durante o discurso que os US$800 se referem ao acumulado no ano, e não a parcela individual como deu a entender. O presidente também não abordou a redução de valores na prorrogação do benefício no ano passado, nem mesmo o número de beneficiários.
O presidente não perdeu a oportunidade para criticar governadores e prefeitos sobre as decisões que resultaram em estritas medidas preventivas contra a Covid-19, restringindo a circulação e fechando temporariamente as portas de estabelecimentos comerciais.
Desde o início, Bolsonaro foi contra essas tratativas, motivo pelo qual tentou responsabilizar os gestores pela perda de renda dos trabalhadores brasileiros.