Na última semana, o Ministério da Saúde recomendou a suspensão da vacinação contra a Covid-19 para adolescentes sem comorbidades. No entanto, as demais entidades de saúde não concordaram com a decisão.
Foi por isso que na última sexta-feira, 17, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e a Secretaria Brasileira de Pediatria (SBP), publicaram notas através da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais da Saúde (Conasems), se reuniram para tratar sobre o assunto.
Os infectologistas das entidades publicaram um documento listando inúmeras razões com embasamento científico capaz de comprovar a eficácia da vacinação em adolescentes com e sem comorbidades. E, portanto, justificando a retomada oficial da imunização deste público por parte do Ministério da Saúde.
Entre os pontos apresentados está a quantidade de países que vacinaram jovens na faixa etária de 12 a 17 anos, além de ressaltar o uso da Pfizer conforme recomendado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Suspender a vacinação de adolescentes nesse momento pode prejudicar o bom andamento do controle da pandemia no território nacional, bem como gerar insegurança quanto ao uso dos imunizantes”, diz o documento.
Consequências de suspender a vacinação
Em outras palavras, a nota publicada pela sociedade recomenda o retorno da vacinação em adolescentes com o propósito de evitar que outros grupos prioritários sejam afetados.
É o caso dos idosos, pessoas com doenças crônicas e imunossuprimidos. Por outro lado, a Sociedade Brasileira de Pediatria aproveitou para apresentar dados minuciosos sobre o risco de deixar os jovens à mercê do vírus.
A entidade ainda faz uma comparação, alegando que, apesar de levantamentos internacionais apresentarem a estimativa de 1% a 5% de casos confirmados entre este público, no Brasil, o Ministério da Saúde já registrou 2.416 óbitos de crianças e adolescentes para a Covid-19.
Pediatras reforçam que a vacina da Pfizer realmente é a mais segura para a imunização de adolescentes. A SBP também aproveitou para criticar como o Governo Federal adotou esta estratégia de alterar o cronograma de vacinação repentinamente.
A entidade disse entender que decisões unilaterais não contribuem para a manutenção de uma campanha de vacinação efetiva e capaz de apresentar resultados positivos.
Em defesa, o Ministério da Saúde disse ter recorrido ao parecer da Organização Mundial da Saúde (OMS), o qual alega que os adolescentes têm propensão para uma “evolução benigna” da Covid-19.
Uma melhoria no cenário epidemiológico da pandemia mediante a redução de 60% dos registros de óbitos também influenciou na fala.
Especialistas em saúde ressaltam que o parecer da OMS está relacionada à falta de imunizantes em todo o mundo. Além de reforçar que não há nenhum problema quanto à vacinação de adolescentes, pelo contrário, quanto mais pessoas imunizadas, melhor será para o combate à doença.