Recentemente, a Ambev, empresa fabricante de bebidas, anunciou monja Coen como sua “embaixadora da moderação”, iniciativa que dividiu a internet. De um lado, estavam os internautas que apoiaram a ideia de ter a budista de 74 anos estrelando uma campanha publicitária da empresa. Porém, também teve quem achasse estranha sua presença em uma propaganda de cerveja.
O antropólogo Michael Alcoforado disse em sua análise que é possível ligar a força de marca da monja com a vontade da Ambev de ser uma empresa socialmente responsável.
“Como antropólogo, com anos de experiência ajudando as marcas a se conectarem com seus consumidores, afirmo que o co-branding entre Ambev e a Monja é um golaço (…) Monja foi hábil na construção de uma marca repleta de atributos valorizados pelos consumidores na contemporaneidade. Do outro lado, temos uma empresa de cerveja feliz com resultados financeiros, mas preocupada com o futuro de suas marcas”.
Mariano Borges, professor de tendências do consumo da ESPM, por sua vez, destaca que o ponto central é o estranhamento.
“O budismo ainda é envolto nessa aura sagrada, que lhe dava um tom imaculado e, quando a monja se rende ao mercado, isso se perde. Assim, a questão que paira no ar é se até a esfera do zen agora está contaminada por uma marca. E se fosse a Natura causaria o mesmo espanto?”, questiona.
Posicionamento da Ambev
Após análises de diversos profissionais e da repercussão na rede, a Ambev disse que a ação tem o objetivo de trazer visibilidade para o consumo moderado de bebidas alcoólicas.
“O tema da moderação é muito importante e deve ser falado por todos na sociedade, inclusive pela monja. É um convite para o autoconhecimento e o equilíbrio”, disse Carla Crippa, vice-presidente de relações com a sociedade da Ambev no Brasil.
A repercussão da campanha aconteceu logo após a empresa anunciar uma área voltada ao desenvolvimento de bebidas alcoólicas que não a cerveja, e da divulgação dos resultados do segundo semestre.
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