Cesta básica eleva valor em 15 estados do Brasil e salário mínimo continua o mesmo

Pontos-chave
  • De acordo com os resultados, 15 das 17 capitais pesquisadas tiveram aumento no preço da cesta básica;
  • A cesta básica mais cara na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos de julho foi a de Porto Alegre, custando R$ 656,92;
  • De acordo com o Dieese, os itens que mais tiveram aumento em junho foram o açúcar refinado em 7%, a manteiga em 2,87% e o leite integral com 2,46%;

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada em julho. De acordo com os resultados, 15 das 17 capitais pesquisadas tiveram aumento no preço da cesta básica.

Cesta básica eleva valor em 15 estados do Brasil e salário mínimo continua o mesmo
Cesta básica eleva valor em 15 estados do Brasil e salário mínimo continua o mesmo (Imagem: Claudio Gatii)

A cesta básica mais cara na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos de julho foi a de Porto Alegre, custando R$ 656,92. O segundo lugar foi ocupado por Florianópolis, com um cesta, em média, por R$ 654,43. São Paulo completou o pódio, com uma cesta de R$ 640,51.

Além do valor médio da cesta básica nas 17 capitais, a Dieese também pesquisa o aumento sofrido de um mês para outro. Dessa maneira, foi identificado que os maiores aumentos foram em: Fortaleza (3,92%), Campo Grande (3,89%), Aracaju (3,71%), Belo Horizonte (3,29%) e Salvador (3,27%).

Com o aumento, a renda familiar fica ainda mais comprometida, principalmente aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Duas capitais registraram queda no preço da cesta básica de junho para julho foram: João Pessoa (-0,70%) e Brasília (-0,45%).

De acordo com o Dieese, os itens que mais tiveram aumento em junho foram o açúcar refinado em 7%, a manteiga em 2,87% e o leite integral com 2,46%. Diante desses preços, a empresa afirma que o salário mínimo ideal no mês de julho deveria ter sido de R$ 5.518,79.

Esse valor seria ideal para sustentar uma família composta por dois adultos e duas crianças. Porém, o atual piso nacional é de R$ 1.100. Dessa maneira, o valor ideal é 5,02 vezes maior do que é recebido hoje.

Horas de trabalho para comprar a cesta básica

Considerando o salário mínimo de 2021 (R$ 1.100), o Diesse calcula quantas horas seria necessário trabalhar para comprar a cesta básica. O cálculo resultou em 113 horas e 19 minutos.

Diante disso, um trabalhador que trabalhar 40 horas semanais precisará de três semanas para bancar a compra da cesta básica. Dessa maneira, são quase 15 dias de trabalho apenas para a alimentação. Esse período é 2 horas e 11 minutos a mais do que no mês de junho.

Salário mínimo e a cesta básica

Os trabalhadores que recebem um salário mínimo têm ainda o desconto do INSS. Com isso, a contribuição é de 7,5%, descontado em folha. Sendo assim, é descontado R$ 82,50, ficando com um salário líquido de R$ 1.017,5.

Cesta básica eleva valor em 15 estados do Brasil e salário mínimo continua o mesmo
Cesta básica eleva valor em 15 estados do Brasil e salário mínimo continua o mesmo (Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Com esse valor, afirma o Dieese, o trabalhador precisa comprometer 55,68% do salário para a compra de alimentos e produtos de higiene pessoal. Em junho, o percentual foi 0,89% menor, ou seja, de 54,79%.

Comprometendo mais de 50% da renda para a compra de comida, só sobra 44,32% para bancar as demais despesas, como água, luz, internet e aluguel. É importante lembrar que a maior parte dos brasileiros que recebem um salário mínimo não possui casa própria e, por esse motivo, precisam pagar aluguel.

Salário mínimo ideal de julho

O Dieese afirma, com base em sua pesquisa, que o salário mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas no mês de julho deveria ser de R$ 5.518,79. A família usada para definir o valor é composta por dois adultos e duas crianças, considerada a mais comum.

Todos os meses a empresa divulga o salário mínimo ideal para bancar as despesas de uma família de quatro pessoas. Para definir o valor, o Dieese considera o preço médio da cesta básica apresentado na Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.

De acordo com a pesquisa, houve aumento no preço da cesta básica em 15 das 17 capitais estudadas entre junho e julho. Com isso, a cesta mais cara foi de R$ 634,53, em Florianópolis, e a mais barata de R$ 457,56, em Salvador.

Diante desses valores, a média de compra da cesta foi de R$ 546,045, resultando no salário mínimo ideal de R$ 5.518,79. A empresa considera outros itens indispensáveis para uma boa qualidade de vida, como água, energia elétrica, internet, aluguel, entre outros.

No mês de junho, o salário mínimo ideal para as famílias brasileiras deveria ter sido de R$ 5.421,84. Diante disso, o aumento de um mês para o outro foi de R$ 96,95, o que equivale a, cerca de, 1,8%, comprometendo, ainda mais, a renda familiar de 2021.

Glaucia Alves
Formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Atuou na área acadêmica durante 8 anos. Em 2020 começou a trabalhar na equipe do FDR, produzindo conteúdo sobre finanças e carreira, onde já acumula anos de pesquisa e experiência.