Ultimamente, as críticas de Bolsonaro à China causaram preocupação em diversas autoridades sobre uma possível retaliação chinesa. Apesar disso, as declarações não prejudicaram as relações econômicas entre os países no ano passado, segundo o novo relatório do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), via BBC.
Mesmo com as críticas ao país asiático, as ações concretas do governo do Brasil apontaram “mais continuidade do que ruptura na relação bilateral”, conforme o documento “Investimentos chineses no Brasil: histórico, tendências e desafios globais (2007-2020)”.
O diretor de Conteúdo e Pesquisa do CECB e autor do relatório, Tulio Cariello, afirmou que os investimentos da China no Brasil são de longo prazo — e é isso que orienta a estratégia chinesa. “Governos começam e acabam”, segundo ele.
Cariello destaca a importância da relação harmoniosa entre as duas nações. Para ele, o relacionamento “já vem de muito tempo e historicamente sem atritos”. De qualquer modo, o diretor pondera que há um certo limite que a China aceita em relação às críticas recebidas.
Ao analisar os números informados pelo documento, entre 2007 e 2020, as empresas efetivaram 176 empreendimentos no Brasil. Os aportes totalizaram US$ 66,1 bilhões. Até o ano passado, o Brasil recebeu 47% dos investimentos da China na América do Sul.
Críticas de Bolsonaro à China e possíveis reflexos neste ano
Recentemente, o Jair Bolsonaro realizou críticas ao país Asiático. No início de maio, o presidente afirmou que a pandemia de covid-19 seria parte de uma “guerra biológica” chinesa. Além disso, ele havia declarado que “os militares sabem disso”.
Diante disso, diversas autoridades indicaram inquietação sobre os possíveis reflexos. A presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), Kátia Abreu (PP-TO), disse que a declaração do presidente foi uma “acusação muito grave”.
Ela ainda afirmou estar preocupada com uma possível retaliação do governo da China.
Na ocasião, o Instituto Butantan havia declarado que as críticas de Bolsonaro afetaram a liberação de insumos de vacinas pelas autoridades do país asiático. O governador João Dória (PSDB) relevou que essas declarações causaram um mal-estar na diplomacia chinesa.
Além disso, os comentários de Bolsonaro atrapalharam a entrada de investimentos novos para alguns setores, como os de tecnologia, energia e transporte, segundo executivos que fizeram intermediação dessas transações, ao UOL.