- Vendas no varejo voltam a crescer após início de ano complicado;
- Vacinação deve melhorar ainda mais o cenário de vendas em alta;
- Setor de Roupas e Calçados está entre os mais beneficiados com o crescimento do varejo.
Após um início de ano complicado por conta de um novo crescimento no número de casos da pandemia do coronavírus e com o fim dos pagamentos do auxílio emergencial, o varejo começou a registrar bons resultados entre os meses de abril e junho. Este impulso nos números foram resultantes do Dia das Mães e dos Namorados. Com a vacinação em curso, a expectativa para os próximos meses é melhorar ainda mais.
O pesquisador associado do FGV/Ibre, Livio Ribeiro, destaca que a inflação vai pressionar a renda dos brasileiros o que acaba reduzindo o poder de compra.
“Houve uma retomada no primeiro semestre. A discussão é se ela volta para onde estava antes da Covid ou se cresce a partir dali. O cenário não é de contração, mas, provavelmente, de desaceleração. A recuperação completa depende do mercado de trabalho”, disse Ribeiro.
As empresas que administram os shoppings pelo país, começarão a divulgar nas próximas semanas, seus dados de vendas. Os executivos tem a expectativa de recuperar uma parcela das perdas registradas nos três primeiros meses do ano.
Administrando 24 shoppings no Brasil, a Ancar Ivanhoe registrou um crescimento de 84% nas vendas no último mês, em comparação com abril, mês de reabertura do comércio. De acordo com o copresidente, Marcos Carvalho, é esperado que este ano se encerre com resultados próximos do período antes da pandemia.
A diretora comercial da Jini Nogueira, responsável por 31 shoppings, diz que com o avanço da vacinação e com as liberações, o movimento nos estabelecimentos está voltando ao normal.
“Nos períodos de maior restrição, os clientes passavam em média 45 minutos conosco, sendo bastante objetivos em suas compras. Agora, ficam em torno de uma hora”.
Roupas e calçados
Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), espera que o volume de vendas no varejo diminuam neste trimestre, com uma alta de 0,5%. Mesmo assim, o próximo semestre deve terminar com um crescimento de 4,5%.
Os dados de uma pesquisa semanal da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers) em parceria com a Cielo, mostraram que desde o fim do mês de março, os shoppings vem registrando recuperação nas vendas, com aumento no tíquete médio de compras em comparação com 2020.
O setor de calçados e vestuário estão entre os mais beneficiados, segundo o presidente da Abrasce, Glauco Humai. Isto acontece pois o setor não obteve o mesmo desempenho nas vendas pela internet como os eletrônicos, por exemplo.
O setor de vestuário deve observar um crescimento nas vendas no segundo semestre, conforme as pessoas voltarem a sair.
É esperado pelo setor de calçados uma alta de 14,3% na produção em 2021 em comparação com o ano passado. Para 2022, o resultado esperado é ainda melhor. Porém todos estes resultados positivos dependem da vacinação.
“As perspectivas são boas, mas precisamos que a vacinação aconteça com toda a população, para evitar as variantes”, disse o presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira.
Um exemplo deste crescimento foram os resultados obtidos pela rede de calçados infantis Bibi, que viu suas vendas impulsionadas por conta da volta das aulas presenciais em diversas cidades.
Andrea Kohlrausch, presidente da Bibi, disse que no segundo trimestre, as vendas cresceram 36% em comparação ao mesmo período de 2019.
Pós pandemia
Na visão do presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Fernando Pimentel, o consumo voltará a crescer, mesmo com o desemprego em alta.
Porém o futuro para os setores de eletrodomésticos e produtos de linha branca é imprevisível. O consumo destes produtos no último trimestre do ano passado foi grande, de acordo com a Eletros, com as pessoas ainda investindo em melhorias para seus lares.
Já com o avanço da vacinação, o dinheiro das famílias pode ser direcionado novamente para viagens, lazer, entre outras coisas.
“No segundo semestre vamos crescer porque os juros ainda estão muito baixos e o crédito, muito fácil. O consumo das famílias, puxado pelo mercado reprimido, tende a ter um crescimento de 5,2% este ano, o que vai ajudar o PIB”, disse Freitas, da CNC.