Renda Cidadã: CINCO propostas de financiamento que NÃO deram certo

Pontos-chave
  • Governo lança estratégias falhas para criação de seu novo projeto social;
  • Pautas apresentam repercussão negativa na imprensa e são canceladas;
  • Bolsonaro se desentende com sua equipe econômica e anuncia novidades para o Bolsa Família.

Estratégias de financiamento para o novo programa social do governo não dão certo e mostram a influência da imprensa nas tomadas de decisões públicas. Após inúmeras tentativas de lançar o Renda Cidadã, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o cancelamento da pauta. O motivo para tal desistência diz respeito as estratégias de custeio fortemente reprovadas pela sociedade civil. No texto abaixo, relembre as propostas analisadas pela equipe bolsonarista.

Renda Cidadã: CINCO propostas de financiamento que NÃO deram certo (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Renda Cidadã: CINCO propostas de financiamento que NÃO deram certo (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Lançar um novo projeto social estava entre as principais prioridades do governo federal neste ano. Desde a sua época de campanha, Bolsonaro anunciava que tinha novos planos para o atual Bolsa Família.

Já no primeiro semestre, o gestor afirmou que o programa chegaria ao fim, lançando um novo projeto, Renda Cidadã, para reduzir a fome e a desigualdade social do Brasil.

Sobre o Renda Cidadã

Intitulado de Renda Cidadã, a pauta objetivava ocupar o espaço do Bolsa Família e se integrar a demais programas já em validação. A ideia é que ela funcionasse como uma extensão do atual projeto social, recebendo um número maior de segurados e ofertando parcelas de até R$ 300 mensais para estes. No entanto, na luta para encontrar meios de custeio, a equipe de Bolsonaro não obteve sucesso.

Unificação de programas sociais

Uma das grandes propostas do Renda Cidadã era que houvesse a unificação dos programas sociais. Para isso, o ministro da economia, Paulo Guedes, anunciou que desejaria cancelar pautas que funcionam atualmente como o farmácia popular, abono salarial entre outros.

A ideia era que o novo projeto trabalhasse como uma espécie de carteira única, sendo ofertado mensalmente uma quantia especifica equivalente a todas as ações sociais do país.

A iniciativa foi rapidamente compartilhada pela imprensa e gravemente negada pela sociedade civil e demais setores.

Pesquisadores sociais afirmaram que ela estaria reforçando a desigualdade uma vez em que trabalharia de forma única para diferentes grupos em realidades distintas. Diante da repercussão negativa, em agosto, Bolsonaro informou que não estava de acordo com tal alternativa.

“Não posso tirar de pobres para dar a paupérrimos. Não podemos fazer isso aí”, disse o gestor.

Renda Cidadã: CINCO propostas de financiamento que NÃO deram certo (Imagem: Google)
Renda Cidadã: CINCO propostas de financiamento que NÃO deram certo (Imagem: Google)

Nova CPMF

Ainda em julho, outra alternativa mencionada por Guedes foi a possibilidade de criar novos impostos. A CPMF funcionaria por meio de cobranças tributárias, variando as taxações aplicadas atualmente aos setores.

Além disso, seria criando ainda um tributo específico para todas as ações bancárias feitas em plataformas digitais.

A ideia do ministro era que transferências em bancos como o Nubank, Santander, Bradesco, entre outros, passassem a ter cobranças a cada serviço. Ao lado de Guedes, o vice presidente Hamilton Mourão aprovou a proposta garantindo que seria uma ótima forma de levantar recursos.

No entanto, por questões práticas nas gestões tributárias o texto foi barrado e não deverá passar por outro processo de análise.

Congelamento de aposentadorias por dois anos

Outra ação que também gerou uma grande repercussão negativa foi o congelamento das aposentadorias do INSS. A sugestão, também concedida por Guedes, teve uma péssima recepção na população.

A notícias foi confirmada pelo então secretário especial da fazenda do ministério da economia, Waldery Rodrigues, ao portal G1. Ele explicou que a previsão é que os salários fossem congelados pelos próximos dois anos para poder obter novos recursos públicos.

Ciente da negatividade de tal informação, Bolsonaro se pronunciou imediatamente, por meio de um vídeo publicado em seu facebook, afirmando que:

“Congelar aposentadorias, cortar auxílio para idosos e pobres com deficiência, um devaneio de alguém que está desconectado com a realidade. Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”.

Uso de precatórios e recursos do Fundeb

Já em meados de outubro, outra alternativa encontrada pela equipe economia foi a utilização dos precatórios e recursos do Fundeb. Nessa pauta a ideia era que o governo parasse de pagar suas dívidas por tempo indeterminado e utilizasse os recursos para a gerência do Renda Cidadã.

No entanto, a ação foi considerada ilegal pela justiça tendo em vista que o governo não pode ir contra a constituição para postergar seus débitos. No que diz respeito ao Fundeb, a proposta também não seria aprovada pois tal transferência de recursos não é vista de forma legal.

Uso de emendas parlamentares

Por fim, a última decisão anunciada seria a utilização das emendas parlamentares. Se somadas, geram um recurso de R$ 7 bilhões, parcela o suficiente para bancar o programa. Os detalhamentos da proposta, no entanto, não foram explicados para evitar possíveis repercussões negativas.

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Eduarda Andrade
Mestre em ciências da linguagem pela Universidade Católica de Pernambuco, formada em Jornalismo na mesma instituição. Atualmente se divide entre a edição do Portal FDR e a sala de aula. - Como jornalista, trabalha com foco na produção e edição de notícias relacionadas às políticas públicas sociais. Começou no FDR há três anos, ainda durante a graduação, no papel de redatora. Com o passar dos anos, foi se qualificando de modo que chegasse à edição. Atualmente é também responsável pela produção de entrevistas exclusivas que objetivam esclarecer dúvidas sobre direitos e benefícios do povo brasileiro. - Além do FDR, já trabalhou como coordenadora em assessoria de comunicação e também como assessora. Na sua cartela de clientes estavam marcas como o Grupo Pão de Açúcar, Assaí, Heineken, Colégio Motivo, shoppings da Região Metropolitana do Recife, entre outros. Possuí experiência em assessoria pública, sendo estagiária da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado de Pernambuco durante um ano. Foi repórter do jornal Diário de Pernambuco e passou por demais estágios trabalhando com redes sociais, cobertura de eventos e mais. - Na universidade, desenvolve pesquisas conectadas às temáticas sociais. No mestrado, trabalhou com a Análise Crítica do Discurso observando o funcionamento do parque urbano tecnológico Porto Digital enquanto uma política pública social no Bairro do Recife (PE). Atualmente compõe o corpo docente da Faculdade Santa Helena e dedica-se aos estudos da ACD juntamente com o grupo Center Of Discourse, fundado pelo professor Teun Van Dijk.