- A fila de espera concentra cerca de 999 mil famílias aguardando a inscrição;
- O governo Bolsonaro pretende reformular os pagamentos a partir de 2021;
- O estado de São Paulo é o que mais possuí pessoas aguardando.
Fila para inclusão no Bolsa Família apresenta alta histórica. Na última semana, uma reportagem especial do portal Globo revelou que há mais de 999.999 mil famílias esperando por uma resposta do Ministério da Cidadania. Trata-se de um dos maiores números da história do programa, sendo parte significativa da população residente do estado de São Paulo.
Com o país vivendo uma grave crise econômica e sanitária diante da realidade do covid-19, milhares de brasileiros estão aguardando nas filas de espera do Bolsa Família.
Por meio da Lei de Acesso à informação, o Globo conseguiu descobrir que a meses o programa não vem autorizando a entrada de novos segurados.
Desses que aguardam na análise, parte significativa vem sendo contemplada pelo auxílio emergencial.
No entanto, com o fim do programa previsto para este mês de dezembro, precisará ser feita uma transferência de recursos para evitar que tal número populacional entre na situação de pobreza ou extrema pobreza.
Mais de um milhão de pessoas na fila
O levantamento mostrou que o maior número de pessoas aguardando pela aceitação no projeto foi de 1,655 milhões de brasileiros. É válido ressaltar, no entanto, que essa quantia é o equivalente a uma família, o que significa que a se considerar por individuo o quantitativo chega a ser até quatro vezes maior.
O crescimento em alarme nas filas do programa começou a ressurgir no mês de setembro. Com a liberação das parcelas do auxílio emergencial e extensão do programa, o Ministério da Cidadania passou a paralisar as análises do Bolsa Família.
Para isso, foi publicada uma portaria explicando que as ‘ações de administração de benefícios’ estariam suspensas por tempo indeterminado. Isso significa que, mesmo inclusas no Cadastro Único, as pessoas não poderiam adentrar na folha de pagamentos do Bolsa Família nesse momento.
Números intensos no Sudeste e Nordeste
De acordo com os dados analisados, as piores regiões em situação de espera são o Sudeste e o Nordeste. Apenas em São Paulo há mais de 18% de famílias aguardando uma avaliação. Wandreia Araújo Conceição da Silva, de 33 anos, explica que aguarda um retorno do governo há meses.
Atualmente a paulistana vem trabalhando como manicure, mas teme alterações nas medidas de flexibilização e por isso solicitou a participação no programa para garantir o sustento dela e de sua filha de 5 anos.
— Eu sou manicure há 16 anos, e o meu marido conserta bicicletas. Se as minhas clientes, já sumiram antes. Imagina agora? Se o comércio fechar de novo, todo mundo vai ficar com mais medo ainda. E eu não tenho plano B. Essa é a única coisa que sei fazer e não tive como guardar dinheiro. O que entra sai rápido — desabafa Wandreia.
Limite orçamentário
Uma das justificativas adotadas pelo governo para não incluir novos segurados é de que o limite orçamentário já foi batido. Para 2020 o Bolsa Família contou com um valor de R$ 32,5 bilhões, inicialmente contando com a participação de 14,274 milhões de inscritos.
Com os gastos referentes ao auxílio emergencial e demais despesas que o governo vem administrando por causa da pandemia, a transferência de recursos para custear novos segurados tornou-se inviável, alega o ministério da cidadania.
É válido ressaltar que atualmente cada cidadão, para ser aceito, precisa ter uma renda per capita de até R$ 89 mensais e é necessário ainda que haja crianças entre 0 e 17 anos na composição familiar.
Promessas de reformulação
Diante o fim do auxílio, o governo vem prometendo reformular o Bolsa Família. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro informou que estará aumentando o número de segurados no projeto e também desejar criar novas políticas de pagamento para estes.
Tais afirmações foram concedidas após a equipe econômica definir que não se poderá manter a criação do Renda Brasil. Dessa forma, visando a manutenção de uma agenda social Bolsonaro espera reformular o projeto para garantir chances de uma nova candidatura em 2022.