Alta do financiamento imobiliário anima, mas juros e desemprego confundem mercado

A queda vertiginosa nas taxas de juros fez com que o financiamento imobiliário do país crescesse de forma acelerada permitindo que milhares de brasileiros realizassem o sonho da casa própria. Este crescimento é ótimo para os bancos Itaú, Bradesco e Santander Brasil que viram suas carteiras de crédito amaçadas em decorrência do avanço do coronavírus.

Alta do financiamento imobiliário anima, mas juros e desemprego confundem mercado
Alta do financiamento imobiliário anima, mas juros e desemprego confundem mercado (Imagem: CDHU / Divulgação)

A pandemia causou grandes perdas no mercado de trabalho e um crescimento de ativos problemáticos nos financiamentos imobiliários.

Este cenário pode se mostrar traiçoeiro mais adiante tanto para os tomadores quanto para os credores, conforme os próximos acontecimentos decorrentes da crise econômica.

No último “boom” do setor imobiliário no país, a situação não terminou de forma de tão favorável, porém os banqueiros afirmam que desta vez o cenário é diferente por conta das taxas de juros baixas e da sustentação de modelos de crédito bem planejados.

“O mercado imobiliário no Brasil está bem abaixo de seu potencial, deixando muito espaço para crescimento, apesar do estresse econômico”, afirmou Danilo Caffaro, diretor de crédito imobiliário do Itaú.

No acumulado do ano até o mês de outubro, os financiamentos imobiliários cresceram 49% em comparação com o mesmo período do ano passado, para seu maior volume mensal desde o ano de 1994, segundo os dados divulgados pela associação de financiamentos imobiliários do Brasil, a Abecip, estimulados pela queda na taxa Selic para 2%, contra cerca de 14% em 2016.

A associação de incorporadoras imobiliárias, Abecip, diz que a compra de um imóvel neste momento virou uma ação competitiva e cada diminuição nas taxas de juros deixa o financiamento imobiliário fazer parte da vida de 2,8 milhões de famílias brasileiras.

“As taxas baixas tornam o financiamento imobiliário muito mais palatável e permitem que mais e mais pessoas aproveitem… Então, aquelas pessoas que não foram atingidas pela pandemia mantiveram seus planos de aquisição”, explicou a presidente da Abecip, Cristiane Portella.

Alerta Selic

O mercado de financiamento de imóveis no Brasil ainda é muito novo, e tem um total de R$720 bilhões, cerca de 10% do PIB em empréstimos imobiliários abertos. Isto é equivalente a menos da metade da proporção do Chile e um quinto da participação nos Estados Unidos.

O presidente da MRV, Rafael Menin, estima que as vendas de casas continuarão em alta nos próximos 20 a 30 anos se as taxas de juros permanecerem em níveis baixos.

Mas, a expectativa é que a Selic suba nos próximos seguintes. Uma pesquisa do Banco Central prevê que a taxa básica de juros chegar em 3% em 2021, 4,5% em 2022 e 6% em 2023.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.