O governo deveria investir alguns recursos em um programa para ajudar cerca de 15 milhões de brasileiros a se reinserir no mercado de trabalho com novas gaas de emprego, após a pandemia. É o que diz o economista Ricardo Paes de Barros, pesquisador do Insper e estudioso da desigualdade no País, em entrevista ao UOl.
15 milhões deve ser o número de trabalhadores que vão buscar um emprego depois da pandemia.
Caso não tenha oportunidades, isso pode acabar aumentando as estatísticas de pobreza no país.
A pandemia causada pelo novo coronavírus fez com que cerca de 11 milhões de pessoas perdessem os seus empregos, sejam eles formais ou informais, de acordo com os dados da Pnad Contínua no terceiro trimestre deste anos.
Apesar disso, a taxa de desemprego não foi ainda maior pois cerca de 10 milhões de pessoas deixaram de procurar emprego e por conta disso, não são contabilizados pelo IBGE.
Ricardo disse que essas pessoas em algum momento vai voltar a buscar uma vaga de emprego, seja por conta do fim do auxílio emergencial, que vai acabar em dezembro ou pela vontade de voltar a atividade.
Esses trabalhadores vão se somar a outros 3 milhões que normalmente, ingressam no mercado de trabalho anualmente.
Os números não levam em consideração aqueles que estavam em busca de uma recolocação profissional antes da pandemia.
“Como vai ter uma entrada (de mais trabalhadores), o governo tem de se preparar para arranjar espaço para uns 15 milhões”, disse.
O que preocupa é o destino desses trabalhadores que estão à margem do mercado de trabalho, mesmo com os números positivos de criação de postos formais.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, demonstrou que está atento ao desemprego no país. “Tenho preocupação de como o governo vai tratar a questão de quem perdeu o emprego”, disse.
Barros, acredita que o Estado precisa ter uma atuação forte para conseguir orientar nas áreas como intermediação de mão de obra, formação, busca de clientes e até marketing do produto.
Para isso, é necessário dialogar com aqueles que buscam uma vaga com carteira assinada quanto para aqueles que querem empreender ou trabalhar de forma autônoma.
Uma política para realizar isso teria de ser investido entre R$ 50 bilhões e R$ 100 bilhões.