Inflação para os mais pobres deve ficar acima da meta no final de 2020; o que isso significa?

Com a alta dos alimentos, a inflação das famílias de baixa renda deve encerrar 2020 acima da meta inflacionária, de 4%, segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz. O Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), baixou de 0,89% para 0,71% de setembro para outubro.

Devido a alta nos preços dos alimentos básicos, inflação para os mais pobres deve ficar acima da meta no final de 2020 (Imagem: Reprodução/Google)

Mesmo com a diminuição da taxa, o indicador de preços, que abrange famílias com renda de até 2,5 salários mínimos por mês, apresentou resultado mensal acima do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-BR) das famílias com renda de até 33 salários mínimos mensais. O índice foi de 0,65% em outubro.

De outubro de 2019 a outubro de 2020, o IPC-CI apresentou uma alta de 4,54%. Braz acredita que a inflação do IPC-BR deste ano deve encerrar na meta, diferente do IPC-CI, que deve manter-se acima da meta até o final de 2020.

O economista ressaltou que o impacto mais forte da inflação entre os mais pobres, foi ocasionado pelo setor de alimentação. No cenário de pandemia, onde a demanda por comida é maior, a inflação dos alimentos operou em alta ao longe de todo ano. No IPC-CI, houve uma desaceleração de 2,23% para 2,08% nessa classe de despesa. Para Braz, mesmo com variação menor, a taxa ainda é alta.

A inflação nesse grupo registrou 12,70% em 12 meses até outubro.

“O setor de alimentos, dentro da formação do IPC-CI, registrou 23,7%. Enquanto isso, no IPC-BR, a participação é de 19,4%. Podemos dizer que a alta dos alimentos afetou mais as famílias mais pobres, e isso fará toda a diferença para que o IPC-C1 encerre o ano acima da meta [na taxa anual]”.

Preço dos alimentos devem continuar em alta

A alta no preço dos alimentos básicos, como arroz, carnes, óleo de soja e feijão deve continuar pelo menos até o fim do ano. Segundo os especialistas, fatores como o dólar em alta, a alta procura desses produtos e o auxílio emergencial, mesmo que pela metade, contribuem para que os preços continuem subindo.

“Há chance desses produtos subirem mais até o final do ano e melhorar só em 2021 com novas safras e a expectativas, quem sabe, de uma taxa de câmbio menor.” As primeiras prévias de outubro indicam que os alimentos continuam subindo cerca de 2% este mês”, concluiu Braz.

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