Levantamento mostra que mais de R$ 28 milhões do auxílio emergencial foram repassados para custear campanhas eleitorais. Na última semana, uma reportagem especial do portal O Globo mostrou que cerca de 23 mil beneficiários do coronavoucher e do Bolsa Família estariam repassando os valores de seus benefícios para apoiar os candidatos políticos de sua região.
O auxílio emergencial e o Bolsa Família estão sendo concedidos ao longo dos últimos meses como uma forma de acréscimo financeiro para os cidadãos de baixa renda.
Porém, através de um cruzamento de dados entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Ministério da Cidadania, descobriu-se que o valor vem sendo repassado para custear campanhas políticas da eleição de 2020.
De acordo com a pesquisa, foram enviados cerca de R$ 13,2 milhões em doações financeiras e R$ 10,6 milhões de doações estimadas, onde os cidadãos são os responsáveis pelas contribuições.
Para cada pessoa doadora, há uma estimativa de que foram concedidos R$ 650, o que significa uma das seis parcelas do benefício emergencial.
Sobre os recursos eleitorais
É válido ressaltar que a doação para campanhas políticas não é proibida desde que o valor repassado não seja superior a 10% da renda contabilizada no ano anterior.
Para os candidatos que não estiverem dentro do teto estabelecido pelo TRE, tendo um valor inferior à sua capacidade econômica, ele pode ser o registro indeferido.
Segundo ainda a reportagem do Globo, até a última sexta-feira (23), os políticos já tinham declarado mais de R$ 424 milhões em receitas próprias ou pessoas físicas. Cerca de 5,6% dessa quantia teria sido arrecadada por meio do auxílio emergencial e do Bolsa Família.
O Tribunal Superior Eleitoral já foi informado do caso e estará trabalhando com a Receita Federal, Tribunal de Contas da União, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ministério Público e Polícia Federal para investigar os repasses.
Até esse momento a maior doação foi de R$ 71,5 mil realizada por Leonardo Silva Menezes, candidato à prefeitura de Goianésia (GO) pelo DEM. O valor é maior que o declarado por ele ao TSE, até então comprovando uma renda de R$ 183,7 mil.