- Auxílio emergencial não alcança cariocas e fluminenses;
- Índice de desemprego no Rio é maior que média nacional;
- Renda Cidadã chega para cobrir função do Bolsa Família.
Dados apresentados pelo economista Marcelo Neri mostram que mais de 270 fluminenses entraram na pobreza no mês de agosto deste ano, o que significa que esse número de pessoas do Rio de Janeiro vive com menos de meio salário mínimo, que atualmente está em R$ 1.045. A perspectiva desta crescente, no caso, é negativa, já que a pobreza voltou a subir no estado.
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, do IBGE, a pobreza subiu 1,55% no estado do Rio de Janeiro, enquanto caiu 3,74% no país.
“Menos pessoas recebem o Bolsa Família no Rio, se comparado com o percentual no restante do país, mas o estado tem uma informalidade quase nordestina. Esse aumento da pobreza pode indicar que o Rio ainda está patinando na retomada”, explicou o economista Neri.
De acordo com Marcel Balassiano, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, o auxílio emergencial cedido pelo governo federal durante a pandemia do novo coronavírus também não foi tão positivo quando os fluminenses e cariocas esperavam, uma vez que poucos tiveram acesso ao benefício.
“O auxílio emergencial, que ajudou o Produto Interno Bruto (PIB) a cair menos, tem impacto menor no Rio. Ele é o sexto estado com menor número de pessoas recebendo o benefício”, disse Marcel Balassiano.
“O auxílio impactou o Rio até julho de 2020. A pobreza não caiu mais no Rio pela dificuldade no relançamento da economia fluminense. A informalidade alta e ter muitos idosos dificultam ainda mais”, somou o economista.
Trata-se dos trabalhadores informais aqueles que, se quer, tiveram opção de cumprir ou não o isolamento social recomendado pelas autoridades, como motoboys.
Mesmo com essa alta no estado no mês de agosto, fato é que a pobreza do Rio de Janeiro continua inferior em comparação a do Brasil. São 20,45% da população que ganham até meio salário mínimo per capta contra os 23,70% do Brasil.
Se voltarmos às atenções ao desemprego, o Rio alcança um índice maior que a média nacional. No IBGE, o Rio de Janeiro está em 16,4% contra 13,3% no país. “O Rio é a segunda maior economia do país, mas tem 5,3 milhões de trabalhadores vulneráveis”, explica Balassiano.
Renda Cidadã é alternativa para pobreza?
É o que pensa o governo Bolsonaro. Previsto para o próximo ano, o programa social vem para substituir o Bolsa Família, criado no Governo Lula. Além da mudança no nome, o atual presidente Jair Bolsonaro pretende aumentar o valor do benefício, que, atualmente, está em uma média de R$ 190.
Já que o auxílio emergencial não tem previsão de prorrogação para o próximo ano, o que o presidente pretende fazer é levar o valor das parcelas extras, de R$ 300, para o Renda. No entanto, ainda não se sabe se será possível.
Isso porque a equipe responsável pelas diretrizes do programa ainda não encontraram um dos itens principais: uma forma de financiamento para o mesmo.
Em diversas reuniões, já foram levantados alguns pontos, como o uso da verba de precatórios, da educação, corte de super salários, aumento de impostos, entre outros.
Nenhuma das hipóteses, porém, foi vista com bons olhos, o que gerou uma repercussão negativa e recuo quase que imediato do governo.
Além de aumentar o valor do benefício, Bolsonaro pretende agregar mais famílias ao programa Renda Cidadã, já que, segundo ele, muitos núcleos ainda estão de fora do Bolsa Família.
Ainda que a discussão tenha sido iniciada no segundo semestre deste ano, acredita-se que o programa sairá do papel apenas em 2021, uma vez que, atualmente, todas as atenções do governo estão voltadas às candidaturas municipais para os cargos de vereadores e prefeitos.
Além do financiamento, da mudança de nome e até do próprio lançamento, a equipe bolsonarista pensa também em como o depósito do benefício será feito. Afinal, o atual cartão leva o nome do antigo presidente.