Simbolizando a maior vitória deste ano do governo no Congresso, a Câmara dos Deputados resolver manter o veto de Jair Bolsonaro à possibilidade de aumento para os servidores públicos mesmo com as contas públicas passando por uma crise.
Foi uma verdadeira força-tarefa formada por líderes e ministros que contou com o apoio considerado decisivo de Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de uma cobrança de lealdade ao centrão que o governo conseguiu reverter ontem (20) na Câmara, a inesperada derrota sofrida no Senado. Assim, manteve congelado os salários de servidores da União, estados e municípios até o ano que vem.
Os integrantes do Palácio e da equipe econômica contataram diversos deputados desde a madrugada da última quarta-feira, logo após o Senado derrubar o veto de Bolsonaro durante o dia.
E eles estavam preparados para adiar a votação caso não acontecesse um acordo para sua manutenção. Mas ao chegar a sessão, a nova base aliada mostrou sua força política ao Palácio do Planalto, conseguindo manter o veto por 316 votos a 165.
Segundo estimativas do Ministério da Economia, o veto vai aliviar em até R$132 bilhões as contas da União, estados e municípios. Este valor foi calculado com base nos reajustes automáticos resultantes de progressões por tempo de carreira, entre outros motivos.
Este congelamento nos reajustes pelo prazo de 18 meses foi incluído após uma solicitação de Paulo Guedes, o ministro da Economia, como contrapartida no projeto de socorro a estados e municípios em decorrência da crise causada pelo coronavírus.
O pacote trata também das transferências de recursos e suspensão de pagamentos de dívidas com influência positiva de R$ 125 bilhões nas contas de governadores e prefeitos.
Desde que o veto foi derrubado no Senado, Rodrigo Maia trabalhou para que isto não se repetisse na Câmara. Para tal, Maia reuniu líderes na Residência Oficial da Casa, telefonou e esteve presente em reuniões na Câmara.
Na votação, se dirigiu à tribuna e orientou o seu partido, o DEM, a serem favoráveis pela manutenção do veto.
“O que está sendo discutido aqui é muito menos valores do que conceitos ou princípios. O teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior) vem para proteger o gasto público na defesa do cidadão. Porque, se nós não controlamos os gastos dos entes federados, quem vai pagar a conta é o cidadão. Porque quem paga imposto são as famílias, as pessoas, a sociedade”, disse Maia.