Repasse dos auxílios do Bolsa Família veem sendo motivos de desconfiança por parte do poder público e da sociedade civil. Logo após a liberação do balanço de gastos, referente ao mês de janeiro, realizado por meio de dados do próprio Ministério da Cidadania, pode-se constatar que a região Nordeste recebeu apenas 3% do valor total do projeto. A afirmação levantou um questionamento sobre quais os critérios utilizados para definir a quantia por estado.
Apesar de ser a região menos contemplada, o Nordeste corresponde a 36,8% das famílias que estão registradas no Cadastro Único, sendo o local onde há mais brasileiros em situação de vulnerabilidade social.
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Já a região Sudeste, que ficou com 45,8% dos benefícios, representa o menor número de cadastrados, seguidos pelo Sul, que recebeu 29,3%, Norte com 6,8%, e a região Centro-Oeste com 15%.
Motivos do entrave do Bolsa Família
Mediante a essa situação, especialistas políticos, jornalistas e até mesmo parlamentarem deram início as especulações sobre os critérios de distribuição de renda por parte do programa.
Muitos afirmam que o motivo pelo qual o Nordeste foi o menos favorecido está relacionado ao posicionamento político dos governadores, que representam a maior oposição ao atual presidente, Jair Bolsonaro.
Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco, alegou que a situação reforça uma “atitude preconceituosa e desumana do governo federal”.
Segundo o gestor, ofertar 3% para um espaço que representa o maior índice de miséria deve ser considerado “inaceitável” e “uma verdadeira agressão”. Somente em Pernambuco, são mais de 164 mil pessoas nas filas de espera do projeto.
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Ministério da Cidadania
Em resposta aos questionamentos, o Ministério da Cidadania afirmou que não há motivos para que sejam questionados os valores distribuídos. Segundo a equipe gestora, a acusação de que a quantia foi determinada por questões políticas “não tem sustentação na realidade e são mais uma tentativa de dividir os brasileiros”.
Em nota enviada ao Valor Econômico, a equipe de Bolsonaro não explicou as medidas utilizadas para definir o orçamento por região, apenas informando que “para incluir novas famílias, o Programa depende da emancipação, procedimentos rotineiros de averiguação e revisões cadastrais, fiscalização, desligamentos voluntários, e, claro, disponibilidade orçamentária”.