Mesmo com quase 20 anos de funcionamento, o Programa Jovem Aprendiz apresenta um baixo índice de contratação, não seguindo as exigências da Lei da Aprendizagem, e é considerado pelos especialistas um descaso por parte do poder público. Uma reportagem do portal Estadão mostrou que atualmente apenas 46% da média estabelecida pela legislação está sendo cumprida.
Desde sua fundação, o texto do programa exige que as empresas tenham uma cota de 5% a 15% para contratar os jovens aprendizes que têm entre 14 e 24 anos. Entretanto, a medida não vem sendo cumprida e nem tão pouco fiscalizada em nenhum dos estados brasileiros.
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Uma pesquisa ministrada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) encomendada pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), relevou que a média nacional de contratação por parte do Menor Aprendiz é de apenas 2%.
Os dados do estudo mostraram que, somente em 2019, as empresam que deveriam ofertar 1 milhão de vagas para a categoria, mas preencheram apenas 445 mil.
Convidado pelo portal Estadão, o superintendente nacional de operações do CIEE, Marcelo Gallo, explicou que tais números representam o descaso do poder público na hora de fiscalizar o funcionamento do programa.
“É necessário um trabalho de conscientização para que as empresas façam maior aproveitamento dos programas de aprendizagem”, afirmou.
Em sua fala, Marcelo defendeu o projeto, dizendo que trata-se de uma forma de dar oportunidade para quem ainda vai ingressar no mercado. E encontra dificuldade, justamente por não ter experiência anterior.
“Contratar um jovem aprendiz é fazer um investimento em quem está na base da companhia, muitas vezes em contato direto com o cliente”, pontuou.
O especialista falou também sobre o tempo de duração dos jovens nas empresas, alegando que é preciso reavaliar o texto do programa de modo que o contratado tenha a oportunidade de vivenciar o mercado, mas dedique-se aos estudos.
E sugeriu uma modalidade dentro do sistema que permita a atuação do aprendiz em quatro dias da semana dentro da empresa. E um dia para capacitação teórica, regularizando a organização da marca.
Por fim, Marcelo defendeu também que é preciso propor uma maior segurança jurídica e a desburocratização dos processos como fatores que podem estimular as contratações.
“Realizamos rodas de conversa com empresas parceiras e identificamos que, dos dez itens mais valorizados, nove são competências comportamentais e atitudinais, como boa comunicação, postura, resiliência e empatia”.