Após limitar os juros mensais que poderiam ser cobrados no cheque especial, o governo brasileiro começou a estudar mudanças para forçar as empresas a reduzirem as taxas também no cartão de crédito.
O governo travou os juros do cheque especial em 8% ao mês, que equivale a 150% ao ano. Agora, a equipe econômica do governo está focada nas operações com o cartão de crédito.
Uma dos principais pontos que o governo pretende se contrapor é a possibilidade de parcelar as compras no cartão de crédito sem juros. Conforme o divulgado pelo Jornal Estado, essa linha de crédito é como se fosse “Alguém paga essa conta”, disse ao Estado uma fonte da equipe econômica que acompanha os estudos para um novo desenho do produto.
Leia também: Dica Nubank: como organizar os pagamentos no crédito?
Apesar do governo já ter realizado uma mudança na regulamentação do cartão, eles ainda não estão satisfeitos com os juros cobrados nessa linha de crédito que no ano passado chegaram a 317,22% ao ano, segundo dados do Banco Central.
Essa alteração pode demorar mais tempo por conta da sua complexidade. Quando os lojistas vendem aos seus clientes algo sem juros, eles pagam uma taxa mais alta para o emissor do cartão. Esse emissor garante o pagamento ao lojista, mesmo se o cliente não quitar a fatura.
No ano passado, 2018, o governo tomou medidas com relação ao cartão mas essas desagradaram. Com isso neste ano os lojistas concederam R$ 400 bilhões em crédito parcelado sem juros aos seus clientes.
Com o desagrado na mudança, a proposta caiu, fazendo com que em abril os juros rotativos voltassem a subir. Dando um salto neste ano de 31,8 porcentuais em apenas dez meses.
Em entrevista ao Estado, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, deu sua opinião.
“Já foi feita uma intervenção grande no cartão de crédito. Já caiu bastante. Está num nível confortável? Não”, afirmou Pinho de Mello na entrevista.
Segundo ele, o BC estava esperando para ver todos os efeitos das mudanças. “Competição é sempre a primeira aposta para reduzir o spread. Tem algumas circunstâncias em que competição não entrega todos os benefícios. Quando ela não entrega, justifica intervenções”, antecipou Mello.
O governo acredita que os juros, sejam eles no rotativo do cartão de crédito ou no cheque especial, precisam de um limite.