Um levantamento de dados feito pela consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada no segundo semestre desse ano, aponta que cerca de 26,6% de trabalhadores classificados como chefes de família ganham até 1 salário mínimo.
A pesquisa apontou que dos 43,4 milhões de trabalhadores que foram classificados como “chefes de domicilio”, 11,5 milhões ganham um salário mínimo ou menos. Representando cerca de R$ 998, valor do salário mínimo em vigor no país, a quantia é o que mantém as despesas da casa.
Em 2015, essa proporção era de 23,8% no mesmo período. No ano de 2016, esse percentual subiu para 26,8%, no segundo trimestre do ano e em 2017 esse número se manteve igual na mesma época do ano.
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Já no ano passado, 2018, houve uma melhora no mercado de trabalho e com isso o índice acabou recuando e ficando em 26,3%. Neste ano a proporção dos que recebem até um salário mínimo mensal voltou a apresentar um leve crescimento.
Em entrevista ao jornal valor econômico a pesquisadora da consultoria IDados e autor do levantamento, Ana Tereza Pires, afirmou que se o mercado de trabalho obtiver uma melhora os números irão voltar a cair.
“Em 2018 observamos uma ligeira melhora nesse dado, quando houve retomada do crescimento econômico. Agora, houve leve piora. Mas podemos esperar melhora desse dado com a recuperação do mercado de trabalho ganhando força”, diz Ana Tereza Pires
Outros indicadores apontaram que a recessão interrompeu um ciclo que vinha sendo positivo no início da década. Já que no ano de 2012, 28,2% desses chefes de família recebiam um salário mínimo, nesse mesmo ano o país gerou mais 1,3 milhão de postos formais de trabalho.
No ano seguinte, 2013, o país gerou mais 1,11 milhão de vagas para a população. Em 2014, foram criados mais de 396 mil postos de trabalho para a população.
Com isso, a proporção de trabalhadores chefes de famílias vivendo com menos de um salário mínimo vinha caindo ano a ano, até o segundo trimestre de 2015.
Ainda segundo Ana Tereza, parte desses chefes de família acabaram perdendo seus empregos e por causa da crise migraram para os trabalhos informais, que pagam salários menores. Enquanto um trabalhador do setor privado com carteira assinada recebia R$ 2.166, o trabalhador sem carteira assinada tinha remuneração de R$ 1.399 na média.
“É possível verificar um padrão contra cíclico no comportamento desse dado. Ou seja, a proporção de chefes nesta faixa de rendimento caiu nos anos caracterizados por crescimento econômico, entre 2012 a 2015, e subiu nos anos recessivos”, diz a pesquisadora.