Crowdfunding: especialistas veem potencial para mercado triplicar; saiba como investir

Pontos-chave
  • Equity crowdfunding teve as regras flexibilizadas
  • Como isso, o mercado de financiamento coletivo pode triplicar
  • O crowdfunding tem como foco empresas que contam com uma receita de até R$10 milhões por ano

A flexibilização das regras de equity crowdfunding pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tem a capacidade de no mínimo triplicar o mercado de financiamento coletivo para novas empresas, de acordo com executivas que estiveram na Live do portal Valor Econômico. Foi aberta pelo órgão uma audiência púbica com o intuito de modificar a instrução 588, que administra o segmento. Com isso, o mercado espera a edição da nova regra.

Conhecido também como investimento colaborativo” ou “investimento coletivo”, o crowdfunding tem como foco empresas que contam com uma receita de até R$10 milhões por ano. 

De acordo com a proposta mostrada na audiência pública, este valor poderia ser de até R$30 milhões. As ofertas de crowdfunding podem captar atualmente até R$5 milhões. A expectativa é que este valor também seja ajustado.

“O mercado deve continuar em ritmo de crescimento acelerado principalmente com a mudança da norma da CVM, que pelo potencial de aumento de faturamento das empresas e volume das ofertas, pode crescer em pelo menos três vezes o nosso mercado. Vamos ter uma gama muito maior de boas oportunidades”, disse a presidente do Kria, Camila Nasser ao Valor. 

Plataformas como Kria e beegin ficam responsáveis pelas emissões e respondem a todos a respeito de questões regulatórias na CVM.

Entre os anos de 2016 e 2020, o valor de ofertas de crowdfunding cresceu dez vezes. Já neste ano, de acordo com dados da CVM, até o início deste mês, foram feitas 75 ofertas de equity crowdfunding, resultando em um montante R$ 137,5 milhões. Este valor é 63% superior quando comparamos com o resultado obtido durante todo o ano de 2020, quando as emissões totalizaram R$ 84,4 milhões. Segundo as estimativas de Camila, o ano pode atingir a R$ 150 milhões em ofertas.

Quando o dinheiro é aportado através de uma rodada de investimento colaborativo, o investidor recebe uma parcela como sócio e tem o direito a uma parte de qualquer êxito futuro da empresa. 

A vantagem de apostar em startups é que estas empresas podem ser disruptivas e ter um grande potencial de crescimento. Porém, ao mesmo tempo, o risco é grande.

Uma outra expectativa é sobre a abertura de um mercado secundário. De acordo com a proposta apresentada pelo regulador, será possível negociar os títulos entre investidores de uma mesma emissora. Mas, de acordo com a presidente da beegin e cofundadora do Grupo Solum, Patricia Stille, esta não é uma possibilidade comum e o mercado não terá uma liquidez imediata.

“Não é porque vai haver um mercado secundário que teremos liquidez da noite para o dia. Nessa lógica, temos uma preocupação muito grande com formação de preços, em garantir a diligência e ativos robustos para o mercado. Por outro lado, essa possibilidade de saída do papel traz muito mais recursos para todos. O investidor quer ter mobilidade, diz Patrícia.

Patricia diz ainda que promover um mercado secundário não é algo trivial. “Há um alto nível de salvaguardas, controle e supervisão. O mercado secundário tem que evitar a assimetria da informação. Não estou certa se todas as plataformas vão fazer e vão lançar os seus modelos de mercado secundário, apesar de permitido, porque isso vai exigir novas camadas de controles”, disse ela.

Equity crowdfunding

O equity crowdfunding trata-se de um mecanismo que traz novas oportunidades de investimento pela internet em startups e empresas em crescimento. 

O mecanismo possibilita que um grupo de investidores financie uma empresa, recebendo em troca uma participação nelas. Através do equity crowdfunding, os investidores contribuem com fundos para uma empresa e recebem uma participação nelas na forma de participação societária (equity) ou de títulos conversíveis de dívida que, futuramente, podem se tornar uma participação societária (equity) da empresa investida.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.