Enquanto o ar-condicionado continua sendo o principal aliado contra o calor, uma tendência simples e sustentável tem chamado atenção em várias partes do mundo: pintar o telhado de branco.
Conhecida como cool roof — ou “telhado frio” —, a técnica começa a se popularizar no Brasil. Isso porque tem uma grande capacidade de reduzir o calor interno das edificações e gerar economia de energia.
O que é o “telhado frio” e como ele funciona?
O princípio é físico e direto: quanto mais clara a superfície, menor a absorção de calor.
Um telhado branco reflete até 80% da radiação solar, enquanto coberturas escuras retêm o calor e o transferem para o interior da casa.
Segundo o pesquisador Hashem Akbari, do Lawrence Berkeley National Laboratory (EUA), essa mudança pode reduzir entre 10% e 30% o consumo de energia em edifícios localizados em regiões quentes.
Além de manter os ambientes mais frescos, o cool roof também reduz a temperatura da superfície do telhado em até 40 °C, diminuindo o desgaste dos materiais e prolongando sua vida útil.
Benefícios que vão além do conforto térmico
O impacto da pintura branca vai muito além da economia doméstica.
Em larga escala, cidades que adotam a técnica conseguem mitigar o chamado “efeito ilha de calor urbana”.
Este é um fenômeno comum em grandes centros onde o excesso de superfícies escuras e asfaltadas eleva a temperatura média local.
A redução da necessidade de ar-condicionado, entretanto, também representa queda direta nas emissões de dióxido de carbono, o que se traduz em um ganho ambiental expressivo.
Em edifícios comerciais, estudos registraram reduções de até 40% na carga térmica, diminuindo a demanda elétrica em horários de pico e tornando o sistema mais eficiente e estável.
Adaptação e desafios no contexto brasileiro
Apesar de já estar consolidada em países como Estados Unidos, Índia e Austrália, a aplicação ainda é tímida no Brasil.
Pesquisas recentes em cidades de clima tropical e semiárido mostraram reduções de até 16 °C na superfície externa e até 24% no consumo de energia, resultados que reforçam o potencial da técnica para regiões quentes.
No entanto, há desafios: a perda de eficiência com o tempo, causada pela poeira e poluição, exige manutenção regular.

Além disso, em regiões mais frias, o excesso de reflexão solar pode aumentar o gasto com aquecimento no inverno.
Um passo acessível rumo à sustentabilidade urbana
Mesmo com limitações, o cool roof se destaca por ser uma solução de baixo custo e impacto imediato.
Uma simples camada de tinta clara pode melhorar o conforto térmico, reduzir gastos e contribuir para a sustentabilidade das cidades.
Com incentivos públicos e conscientização, a tendência promete se expandir — literalmente, “por cima da cabeça” — e transformar o modo como o Brasil lida com o calor e o consumo de energia.