O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (27) que o Brasil e os Estados Unidos devem chegar a um acordo comercial “em poucos dias”, após o início das negociações para encerrar o tarifaço de 50% imposto pelo governo americano sobre produtos brasileiros.

Ricardo Stuckert/Divulgação
A declaração foi dada em coletiva de imprensa na Malásia, um dia depois do encontro entre Lula e Donald Trump, atual presidente dos EUA. Segundo Lula, a reunião ocorreu em clima de respeito e otimismo.
“Estou convencido de que em poucos dias teremos uma solução entre o Brasil e os EUA. Não estou pedindo nada que não seja justo para o Brasil”, afirmou o presidente do Brasil.
Primeira rodada de negociações em Kuala Lumpur
Logo após o encontro presidencial, negociadores dos dois países se reuniram em Kuala Lumpur para discutir os próximos passos. A comitiva brasileira foi liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acompanhado de assessores de Lula.
Do lado americano, participaram Scott Bessent, secretário do Tesouro, e Jamieson Greer, representante de Comércio da Casa Branca. O secretário de Estado Marco Rubio, que havia participado da reunião de domingo, faltou sem explicação.
Segundo Vieira, os dois lados concordaram em estabelecer um cronograma de reuniões para chegar a um acordo comercial em poucas semanas. Ele destacou o avanço do diálogo e disse que o clima foi “de alívio” após meses de incerteza desde a aplicação das tarifas, em julho.
Lula: “Sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação”
Durante a conversa com jornalistas, Lula ressaltou que as negociações não envolvem exigências ou promessas de Trump. O foco, segundo ele, será técnico e econômico.
“Os temas políticos ficarão entre eu e ele. Nossos negociadores vão tratar apenas dos aspectos econômicos”, afirmou o presidente.
De maneira descontraída, Lula disse que nas conversas internacionais é preciso flexibilidade e paciência:
“Sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação”, brincou, segundo o portal Extra.
“Negociação não é por zap”
Em tom de recado aos ministros, Lula defendeu o contato direto com líderes estrangeiros:
“Isso você não faz por zap, não faz por e-mail. Faz pegando na mão das pessoas.”
Ele elogiou a postura de Trump e garantiu que o diálogo foi produtivo.
“Confesso que foi uma reunião surpreendentemente boa. Se depender de mim e de Trump, vai ter acordo”, afirmou.
O presidente completou dizendo que, apesar das diferenças ideológicas, o respeito institucional entre ambos é mútuo. “Ele foi eleito presidente dos EUA, eu do Brasil. Eu o respeito e quero que ele me respeite”, disse.
Relações internacionais e paz regional
Lula reforçou que as conversas com os Estados Unidos não alteram a relação com a China e que o Brasil rejeita qualquer clima de Guerra Fria. Ele defendeu que o país deve manter o papel de mediador e promotor da paz na América do Sul.
Sobre a Venezuela, Lula revelou ter se oferecido como intermediador no diálogo entre Washington e o regime de Nicolás Maduro, propondo a criação de uma mesa de negociação.
“Queremos manter a América do Sul como uma zona de paz”, afirmou.
Próximos passos
Com o cronograma já em andamento, as equipes técnicas dos dois países devem se reunir novamente nas próximas semanas. O objetivo é encontrar uma solução equilibrada para o tarifaço de 50%, que desde julho impacta exportações brasileiras e gera pressão sobre diversos setores produtivos.
Enquanto isso, Lula destacou que continuará priorizando relações diplomáticas pautadas no diálogo e na cooperação econômica.
“O Brasil não quer guerra, quer paz. Não quer confusão, quer resultado”, concluiu.
Resumo da negociação entre Lula e Trump
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Lula prevê acordo com Trump em poucos dias
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Negociações visam encerrar o tarifaço de 50% dos EUA sobre o Brasil
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Reunião ocorreu em clima de respeito e otimismo na Malásia
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Brasil manterá relações estáveis com China e Venezuela
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