
Geração: FDR
Uma nova pesquisa científica reacendeu o debate sobre onde Pedro Álvares Cabral realmente chegou quando avistou o território que viria a ser o Brasil. O estudo, publicado no Journal of Navigation, da Universidade de Cambridge, aponta que o primeiro desembarque da frota pode ter acontecido no Rio Grande do Norte, e não em Porto Seguro, como aprendemos na escola. A hipótese muda o entendimento tradicional sobre a chegada dos portugueses em 1500 e já provoca discussões entre historiadores e cientistas.
Os físicos Carlos Chesman (UFRN) e Claudio Furtado (UFPB) analisaram dados da famosa carta de Pero Vaz de Caminha e cruzaram essas informações com simulações de ventos, correntes marítimas e profundidades oceânicas. Segundo os cálculos, a costa potiguar — especialmente a região entre Rio do Fogo e São Miguel do Gostoso — encaixa melhor no trajeto realizado pela frota ao se aproximar da América do Sul.
O que o novo estudo revela sobre a chegada de Cabral
Os pesquisadores explicam que, ao considerar as condições naturais da navegação no século XVI, a frota teria percorido cerca de 4 mil quilômetros desde Cabo Verde até avistar o Brasil em 22 de abril de 1500. Essa rota aproximaria o ponto de chegada muito mais do litoral do Rio Grande do Norte do que do sul da Bahia.
A equipe também reinterpretou a descrição de Caminha sobre um “grande monte, mui alto e redondo”. Antes associado ao Monte Pascoal (BA), o estudo sugere que o local descrito seria, na verdade, o monte Serra Verde, em João Câmara (RN). Isso reforçaria que o primeiro contato com o país ocorreu na praia de Zumbi, em Rio do Fogo.
Após ventos fortes empurrarem os navios para o norte, um segundo desembarque teria acontecido na praia do Marco, onde existe até hoje um marco português datado de 1501.
Por que essa descoberta muda o que sabemos sobre 1500
A ideia de que Cabral teria chegado primeiro ao Rio Grande do Norte não é nova. O historiador Luís da Câmara Cascudo, referência nacional, já levantava essa possibilidade no século passado. Mesmo assim, a versão oficial sempre se manteve em Porto Seguro, baseada em estudos da década de 1970, como o do almirante Max Justo Guedes.
Agora, com novas tecnologias de simulação e análise científica, o tema volta a ganhar força. A publicação em uma revista internacional reforça a credibilidade da pesquisa e incentiva um debate mais amplo entre historiadores, geógrafos e especialistas em navegação.
A UFRN já confirmou que vai organizar, no próximo ano, um colóquio científico para discutir a descoberta. O objetivo é reunir especialistas e reavaliar, com novos dados, como a frota portuguesa realmente chegou ao Brasil.
A nova hipótese não muda apenas um ponto no mapa. Ela traz à tona a importância de revisitar a história com métodos modernos e considerar diferentes olhares sobre o passado. A discussão promete ganhar força nos próximos meses e pode, inclusive, atualizar livros e currículos escolares.
Quer acompanhar mais descobertas, pesquisas e notícias que estão movimentando o Brasil? Continue no FDR e veja as atualizações mais recentes.





