Após mais de uma década de tramitação, o processo envolvendo Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi finalmente resolvido pela Justiça de São Paulo.
A decisão, assinada pelo juiz Gabriel Medeiros no início de dezembro de 2025, reconheceu que o prazo de prescrição havia se esgotado, levando à extinção da punibilidade de Marcola e dos outros 174 réus envolvidos no caso.
O maior processo contra o PCC: o caso dos 175 réus
Este processo, amplamente divulgado, ficou conhecido como “O caso dos 175 réus” e foi considerado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) como a maior ação penal já movida contra a facção criminosa PCC.
A acusação inicial, feita em setembro de 2013, envolvia Marcola e outros membros do PCC, sendo todos acusados de associação criminosa.
Entretanto, ao longo dos anos, o andamento do processo foi marcado por um longo período de inatividade. A falta de continuidade no trâmite judicial foi um dos fatores que levou à decisão do juiz Medeiros de declarar a prescrição do processo.
O juiz afirmou que, devido à lentidão e aos prazos ultrapassados, não seria mais possível punir os réus envolvidos, incluindo Marcola, com base nas acusações originais.
“Feitas essas considerações, reconheço a prescrição da pretensão punitiva estatal e, em consequência, julgo extintas as punibilidades dos denunciados em relação aos quais a denúncia foi recebida”, afirmou o magistrado.
O que isso significa para Marcola?
Embora o processo tenha sido extinto por prescrição, Marcola ainda enfrenta outros processos judiciais. Com 57 anos, ele continua preso na Penitenciária Federal de Brasília, uma unidade de segurança máxima. Mesmo com a absolvição neste caso específico, o líder do PCC segue encarcerado e sem previsão de saída, com outras condenações em andamento.
A reação da defesa de Marcola
Em nota oficial, a defesa de Marcola se pronunciou sobre a decisão judicial, destacando que a prescrição é um “instituto jurídico constitucionalmente assegurado”, que visa garantir segurança jurídica e evitar que o poder punitivo do Estado seja exercido de forma ilimitada ao longo do tempo.
Segundo o advogado Bruno Ferullo, responsável pela defesa, a decisão judicial não deve ser interpretada como um favorecimento, mas sim como o cumprimento rigoroso das leis e prazos estabelecidos pela legislação brasileira.
“A prescrição é um instituto jurídico constitucionalmente assegurado, destinado a garantir segurança jurídica e impedir que o Estado exerça seu poder punitivo de forma ilimitada no tempo”, afirmou a defesa de Marcola. “A decisão reafirma a importância do respeito às garantias fundamentais, entre elas a duração razoável do processo e o devido processo legal.”
O impacto da prescrição no caso de Marcola com o PCC
A prescrição, embora uma garantia constitucional, gerou reações de surpresa, já que o processo envolvia alguns dos nomes mais poderosos do PCC. Com a decisão de prescrição, o caso foi encerrado de forma definitiva, sem que os réus fossem julgados ou punidos pela acusação de associação criminosa.
Essa decisão reforça um ponto crucial do direito penal: a necessidade de que os processos sejam concluídos dentro de um prazo razoável.
Ainda que Marcola e outros membros do PCC estejam com o processo resolvido neste caso específico, as implicações de sua liderança na facção e o impacto de suas ações continuam sendo alvo de investigações em outros processos.
Próximos passos e a percepção pública
Enquanto a Justiça de São Paulo encerra este caso específico, a sociedade continua acompanhando os desdobramentos do combate ao crime organizado no Brasil. A decisão sobre a prescrição, embora técnica e legal, gerou discussões sobre a eficiência do sistema judiciário em lidar com processos longos e a importância de garantir prazos razoáveis para a justiça.
Com Marcola permanecendo preso e outros casos envolvendo o PCC ainda em curso, o caminho da justiça penal segue sendo desafiado pela complexidade de lidar com organizações criminosas.
No entanto, a decisão sobre a prescrição neste caso oferece uma reflexão importante sobre os limites do processo judicial e os direitos dos réus em um sistema que visa equilibrar as garantias individuais e a punição por crimes graves.
