A celebridade norte-americana Kim Kardashian falou abertamente, na estreia da 7ª temporada de seu reality show, que sentiu que tinha “um pouco de síndrome de Estocolmo” durante os anos em que esteve casada com Kanye West.

(Foto: Reprodução/Tinseltown / Shutterstock.com)
Mas o que isso realmente significa? Vamos entender — de forma simples — o que é a síndrome de Estocolmo, como ela se aplica à história dela, e por que o tema merece atenção.
O que é a síndrome de Estocolmo?
O termo “síndrome de Estocolmo” vem de um caso ocorrido em 1973 na Suécia, quando reféns passaram dias sob a custódia de criminosos e, ao final, desenvolveram sentimentos positivos em relação aos sequestradores.
Hoje, usa-se o conceito para descrever uma reação emocional complexa em que a pessoa que sofre abuso ou se encontra em situação de dependência acaba se identificando ou se conectando ao agressor ou pessoa de poder.
Segundo o hospital norte-americano Cleveland Clinic, “é um mecanismo de enfrentamento diante de uma situação de cativeiro ou abuso: a pessoa desenvolve sentimentos positivos em relação ao abusador ou captor”.
Principais características da síndrome de Estocolmo
- Sentimentos de simpatia, proteção ou justificativa em relação ao agressor.
- Relação de poder desigual, isolamento ou dependência emocional/em circunstâncias na qual a vítima acredita que não tem outra saída.
- Pode ocorrer em relacionamentos abusivos, domésticos ou de controle psicológico, não apenas em sequestros tradicionais.
- Não é oficialmente reconhecida como transtorno mental separado no manual DSM.
Como isso se encaixa na declaração de Kim Kardashian
A seguir, os pontos que Kim Kardashian levantou e como se relacionam ao conceito:
- Kim afirmou que durante seu casamento com Kanye West ela “sempre sentiu muito mal” e “queria sempre proteger [ele] e ajudar”.
- Ela disse que “sempre sentiu meio que síndrome de Estocolmo” ao pensar que poderia ter ficado por ele ou poderia ter ajudado.
- No mesmo relato, ela fala sobre o desgaste emocional: voltou a ter crises de psoríase (uma doença de pele desencadeada pelo estresse) por causa da tensão de “ter que super proteger aquilo que ela tinha que proteger”.
- Kim também aborda o fato de compartilharem quatro filhos e que, mesmo divorciada, não basta “sair” e não lidar mais com a situação: “isso não é a minha realidade”.
Logo, nós temos: uma pessoa (Kim) numa relação difícil, sob pressão emocional, sentindo uma obrigação de cuidar ou proteger, desenvolvendo culpa ou responsabilidade por algo que ela percebe como fora de seu controle — tudo isso bate com alguns elementos associados à síndrome de Estocolmo.
Por que a declaração gerou repercussão?
Porque Kim é uma personalidade pública de alto nível, e ao mencionar algo desse tipo sensibiliza o público para temas de saúde mental e relacionamentos abusivos.
Além disso, o nome “síndrome de Estocolmo” tem carga emocional muito grande — evoca sequestros, abuso, prisão psicológica — e usar esse termo em contexto de casamento chama atenção.
E ainda, mostra que, mesmo em relações com aparente glamour, riqueza e poder (como a de Kim e Kanye), podem existir dinâmicas de controle emocional, vulnerabilidade e dependência.
O que devemos ter em mente — e agir
- Importante saber que “síndrome de Estocolmo” não significa que a pessoa “gostava” de ser maltratada ou que era masoquista: é uma resposta psicológica de sobrevivência, complexa.
- Se uma pessoa ouvinte ou amiga percebe que alguém está preso emocionalmente a uma relação em que sente culpa, ansiedade, medo, obrigação de “salvar” o outro — pode haver algo de trauma ou vínculo abusivo.
- Buscar ajuda profissional é o caminho: terapia, apoio emocional, redes de suporte. A recuperação e a libertação desse tipo de vínculo são possíveis.
- O caso de Kim ajuda a trazer à tona que abuso psicológico/invisível pode estar em relações que “à vista” parecem perfeitas — por isso é importante estarmos atentos ao que se sente, mais do que só o que se parece.
Conclusão
Quando Kim Kardashian falou que sentiu “um pouco de síndrome de Estocolmo” ao longo de seu casamento com Kanye West, ela abriu uma janela para entendermos que dinâmica de poder, culpa, proteção e vínculo emocional podem se cruzar de forma dolorosa.
A síndrome de Estocolmo não é “uma doença” no sentido tradicional, mas um jeito de nosso cérebro reagir diante de situações emocionalmente violentas ou desequilibradas.
Se o tema ressoou em você ou em alguém que conhece, vale lembrar: nenhuma pessoa está condenada a sofrer em silêncio — existe ajuda, existe caminho para cura.