O governo anunciou uma nova parceria com fabricantes internacionais para reduzir o preço de dois dos medicamentos mais procurados do momento: Mounjaro (tirzepatida) e Ozempic (semaglutida).

(Foto: I.A/Sora)
Usados no tratamento do diabetes tipo 2 e, mais recentemente, aprovados também para controle de peso e obesidade, esses remédios se tornaram tema de debate por causa do alto custo e da explosão da demanda no Brasil.
A parceria, na verdade, é do governo dos Estados Unidos, que negociou com as farmacêuticas para diminuir os preços de medicamentos do tipo GLP-1 no mercado americano.
Com essa movimentação internacional, cresce a expectativa para que o Brasil também consiga facilitar o acesso a esses tratamentos.
O que são Mounjaro e Ozempic?
Os medicamentos Ozempic (da Novo Nordisk) e Mounjaro (da Eli Lilly) pertencem à classe dos agonistas de GLP-1, um grupo de fármacos que atua no controle da glicemia, promove maior saciedade, reduz o apetite e contribui para perda de peso significativa.
Principais indicações
- Tratamento do diabetes tipo 2
- Controle de peso em casos de sobrepeso e obesidade
- Melhora de parâmetros metabólicos como glicemia, triglicérides e resistência à insulina
Hoje, esses remédios estão entre os mais vendidos do mundo e figuram no topo das buscas e prescrições no Brasil. Contudo, os preços elevados — que chegam facilmente a centenas de reais por mês — ainda dificultam o acesso da maioria dos pacientes.
Como funciona a parceria anunciada pelo governo
A parceria envolve negociações diretas com as fabricantes para reduzir preços, aumentar a disponibilidade e, em etapas futuras, avaliar a incorporação desses medicamentos em programas públicos de saúde.
Entre os pontos abordados estão:
✅ 1. Redução do preço para compras públicas
Nos EUA, o governo buscou um modelo de aquisição com desconto, permitindo que grandes volumes reduzam o valor unitário dos medicamentos.
✅ 2. Incentivo à produção local
Há conversas para ampliar a participação do Brasil na cadeia produtiva — seja na forma de envase, distribuição ou fabricação de insumos — o que poderia diminuir custos logísticos e tributários.
✅ 3. Possibilidade de inclusão em programas específicos
Caso os preços caiam significativamente, a expectativa é avaliar se os medicamentos poderão ser ofertados em programas federais ou estaduais voltados a diabetes e obesidade.
✅ 4. Controle de demanda e distribuição
Com a explosão do uso off-label, um dos objetivos da parceria é garantir abastecimento estável, evitando falta nas farmácias e privilegiando os pacientes com indicação clínica prioritária.
Como a decisão nos EUA influencia o Brasil
O acordo americano — que estabeleceu preços mais baixos para o governo dos EUA — pressionou os fabricantes a adotarem estratégias globais semelhantes.
Ainda que os valores do acordo não tenham sido divulgados publicamente, analistas afirmam que esse movimento costuma abrir caminho para negociações em outros países, incluindo o Brasil.
Além disso:
- As farmacêuticas já sinalizaram interesse em fortalecer a presença na América Latina.
- O Brasil é um dos maiores mercados consumidores de GLP-1s no mundo.
- Programas públicos brasileiros costumam servir como referência para a América do Sul, o que aumenta o peso da negociação.
Desafios pela frente
Apesar do movimento ser positivo, ainda existem obstáculos:
- Questões regulatórias envolvendo Anvisa e Ministério da Saúde
- Custo elevado de produção dos fármacos GLP-1
- Capacidade industrial limitada mundialmente
- Demanda crescente por uso estético, que pressiona o mercado
- Necessidade de comprovar custo-benefício para programas públicos
Médicos e economistas da saúde alertam que a parceria é um passo importante, mas não resolve o problema imediatamente.





