Motoristas têm denunciado um golpe que voltou a ganhar força em diferentes cidades do país. Postos anunciam um valor atrativo na placa ou na tela da bomba, porém cobram outro preço ao final do abastecimento.
Embora pareça uma simples “diferença de tabela”, o problema é mais profundo, já que envolve omissão de informação, práticas abusivas e, em alguns casos, propaganda enganosa.
Assim, órgãos de defesa do consumidor reforçam a vigilância e alertam sobre como identificar sinais antes de abastecer.
Como funciona o golpe do preço escondido?
O golpe se baseia em uma diferença entre o preço exibido e o preço realmente cobrado.
Na prática, o motorista vê um valor mais baixo destacado no painel externo, se aproxima da bomba e segue com o abastecimento.
Entretanto, o preço final no caixa não corresponde ao anunciado. Porém…
A condição que muda tudo
Em muitos casos, o posto justifica a diferença com condições não informadas previamente. A mais comum é, por exemplo:
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“Este preço é apenas para pagamento via Pix.”
Contudo, o motorista descobre a regra somente depois de encher o tanque. Além disso, há situações em que o valor promocional aparece maior e mais visível. Enquanto isso, o preço “real” fica escondido em letras pequenas ou em áreas de difícil visualização.
Fiscalizações recentes confirmam aumento da prática
Uma investigação exibida pelo Domingo Espetacular (Record) mostrou que essa prática tem se tornado frequente em postos de grandes capitais.
Em São Paulo, por exemplo, fiscais encontraram estabelecimentos anunciando álcool a R$ 3,99 no painel, porém cobrando R$ 5,99 no caixa quando o consumidor não pagava via Pix ou app.
Além disso, uma operação do Procon-SP autuou 21 dos 36 postos fiscalizados em poucos dias. Entre as irregularidades mais comuns estavam:
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Preços condicionados pouco claros.
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Letreiros confusos, que destacavam apenas o valor promocional.
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Ausência de informação ostensiva sobre o preço “sem desconto”.

Essas constatações mostram que o golpe se apoia justamente na falta de clareza.
Dessa forma, o consumidor é incentivado a abastecer acreditando em um valor que, na realidade, não seria aplicado ao pagamento tradicional.
O que diz a legislação sobre preços condicionados
A prática de oferecer preço diferente por meio de pagamento é permitida. No entanto, a lei exige que:
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O preço real, sem condicionalidades, apareça com igual destaque.
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O consumidor saiba antes de abastecer qual valor será cobrado.
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Qualquer programa de desconto, Pix, aplicativo ou fidelidade seja informado de modo claro e visível.
Quando isso não ocorre, há violação do direito à informação e possível propaganda enganosa. Em casos mais graves, inclusive, o comportamento pode ser enquadrado como abuso.
Como se proteger no dia a dia
Os especialistas recomendam que o motorista observe alguns pontos antes de abastecer:
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Compare o preço anunciado com o da bomba antes de autorizar o abastecimento.
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Verifique se há asteriscos, condições ou placas adicionais próximas ao painel principal.
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Pergunte explicitamente ao frentista se o valor destacado vale para qualquer forma de pagamento.
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Priorize postos com transparência total nas telas das bombas.
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Exija a nota fiscal, que registra preço por litro, volume e total pago.
Além disso, caso haja divergência, o consumidor pode denunciar ao Procon, Senacon ou Ministério da Justiça, enviando fotos e horário do ocorrido.
O golpe do preço escondido mostra como pequenas omissões podem resultar em grandes prejuízos para consumidores.
Embora o uso de descontos por Pix ou aplicativos seja legal, eles precisam ser claramente informados.
Portanto, atenção redobrada é a melhor defesa para evitar surpresas no caixa e pressionar estabelecimentos a adotarem práticas transparentes.





