
Mas montadoras chinesas seguem acelerando
Geração: FDR
A indústria automotiva brasileira vive um novo momento de incerteza. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) alertou para o risco de paralisação da produção de carros. A previsão é de que a parada aconteça já nas próximas semanas devido à escassez de semicondutores, os chips que funcionam como o “cérebro” dos veículos modernos.
Esses componentes são essenciais para o funcionamento de sistemas como injeção eletrônica, sensores, câmeras e centrais multimídia. Sem eles, a montagem de automóveis fica comprometida, ameaçando milhares de empregos e a entrega de veículos em todo o país. Ou seja, a produção de carros pode parar.
Montadoras chinesas seguem imunes à crise
Enquanto fabricantes tradicionais revisam estoques e se preparam para possíveis cortes, as montadoras chinesas BYD e GWM (Great Wall Motors) afirmam que não serão impactadas. Ambas seguem com produção normal em suas fábricas no Brasil — a BYD em Camaçari (BA) e a GWM em Iracemápolis (SP).
Segundo as empresas, o segredo está no planejamento e na independência tecnológica. A BYD, por exemplo, é uma das poucas montadoras do mundo com integração vertical, fabricando internamente seus próprios semicondutores por meio da divisão BYD Semicondutores. Essa estrutura garante autonomia e evita dependência de fornecedores externos.
Graças a essa estratégia, modelos como o Dolphin Mini e o Song Plus continuam com produção estável no país, mesmo diante da nova crise global.
Já a GWM assegura o fornecimento de chips diretamente da matriz na China e mantém parcerias estratégicas e investimentos em empresas do setor, o que garante um fluxo contínuo de componentes.
Origem da nova crise dos chips
Diferente da crise entre 2020 e 2022, provocada pela pandemia, o novo problema tem origem geopolítica. A Anfavea aponta que o foco está na empresa Nexperia, responsável por cerca de 60% dos chips usados pela indústria automotiva mundial.
Um impasse entre o governo da Holanda, onde a empresa tem sede, e acionistas chineses, ameaça restringir exportações e atrasar entregas para fabricantes em todo o mundo.
Com isso, as montadoras que ainda dependem exclusivamente da importação desses chips podem sofrer novos prejuízos.
Um retrato do futuro da indústria automotiva
Por ora, o problema afeta principalmente o setor automotivo, enquanto entidades como a Abinee e a Eletros afirmam que outros segmentos industriais seguem estáveis.
O cenário, porém, expõe um contraste: as montadoras chinesas tornaram-se mais resilientes e autossuficientes, enquanto as tradicionais ainda enfrentam os impactos da dependência global.
Mais do que uma crise, esse episódio pode representar uma virada histórica na indústria brasileira, com as chinesas consolidando espaço e reforçando sua posição de liderança em meio a um mercado em transformação.
Vice-presidente intervém e garante chips para montadoras
O vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin anunciou no ultimo sábado (1º/11) que o governo chinês abrirá canais de diálogo com o setor automotivo brasileiro para evitar o desabastecimento de chips usados na produção de carros flex. A medida foi informada pelo embaixador da China no Brasil, Zhu Quingqiao, após pedido de Alckmin para priorizar o fornecimento às empresas nacionais.
A iniciativa ocorre em meio a tensões internacionais entre China e EUA na produção de semicondutores, agravadas por uma intervenção do governo holandês em uma empresa chinesa que domina parte do mercado global.
Alckmin celebrou a decisão, destacando que a cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas e tem forte impacto em outros setores. Segundo ele, o diálogo representa um passo importante para garantir a continuidade da indústria automotiva brasileira e a manutenção dos empregos.
Trata-se de uma excelente notícia”, comemorou Alckmin. “A cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas e tem impacto direto em outros setores, como siderúrgico, químico, plástico e borracha. Ainda temos de ver como isso se dará na prática, mas hoje demos um passo importante para que indústria automotiva brasileira continue crescendo e gerando empregos de qualidade”, afirmou o vice-presidente.





