Em um esforço para reduzir o déficit financeiro e reorganizar suas operações, os Correios anunciaram nesta segunda-feira, 29 de dezembro de 2025, um plano de reestruturação que inclui o fechamento de 16% de suas agências e a demissão voluntária de 15 mil funcionários até 2027.
A medida faz parte de um conjunto de ações que visam economizar cerca de R$ 5 bilhões até 2028, e enfrenta a crise financeira que vem afetando a estatal desde 2016.
Fechamento de agências e reestruturação financeira nos Correios
O plano da estatal prevê o fechamento de aproximadamente mil das 6 mil unidades próprias dos Correios no Brasil. Embora isso represente uma redução significativa na rede de atendimento, o presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, garantiu que o serviço postal continuará disponível em todo o território nacional.
“Vamos equilibrar o resultado financeiro com a manutenção da universalização do serviço”, afirmou Rondon, destacando que o fechamento das agências será feito de forma cuidadosa para não prejudicar o acesso da população aos serviços oferecidos pela empresa.
Além disso, os Correios buscam economizar R$ 2,1 bilhões com essa reestruturação, sendo uma das ações o corte de despesas fixas, como o aumento de demissões e a venda de imóveis. Segundo o presidente, 90% das despesas da estatal são fixas, o que gera dificuldades para ajustar as contas da empresa de acordo com a dinâmica do mercado.
Demissão Voluntária e reestruturação do quadro de funcionários
O programa de demissão voluntária (PDV) será uma das principais ferramentas para reduzir o quadro de funcionários. A estatal espera cortar cerca de 15 mil vagas, com dois PDVs previstos até 2027. Com a redução de pessoal, a companhia visa economizar R$ 2,1 bilhões anuais em despesas com a folha de pagamento. A reestruturação também incluirá mudanças nos planos de saúde e previdência dos funcionários, com cortes nos aportes feitos pela empresa.
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A medida tem como objetivo reduzir custos e otimizar o funcionamento dos Correios, que enfrentam uma grave crise financeira. Até setembro de 2025, a estatal registrou um prejuízo de R$ 6 bilhões e um patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões. A empresa ainda luta para equilibrar suas contas e está em busca de novas fontes de receita.
O futuro dos Correios
O governo federal também anunciou que, a partir de 2027, os Correios podem passar por uma mudança societária. Atualmente, a empresa é 100% pública, mas existe a possibilidade de abrir seu capital, tornando-se uma companhia de economia mista, à semelhança de empresas como a Petrobras e o Banco do Brasil.
Desafios enfrentados pelos Correios
O presidente da estatal apontou que a crise financeira dos Correios está diretamente ligada à mudança no mercado postal, impulsionada pela digitalização das comunicações. A substituição das cartas físicas por meios digitais reduziu a principal fonte de receita dos Correios. Além disso, a competição crescente no comércio eletrônico também afetou as finanças da empresa, que tem que lidar com novos concorrentes, além da entrada de gigantes como a Amazon e empresas de logística privadas.
“É uma dinâmica de mercado que aconteceu globalmente. Algumas empresas de correios conseguiram se adaptar, mas a realidade é que várias dessas empresas ainda enfrentam prejuízos. O exemplo dos Estados Unidos é claro, com a United States Postal Service (USPS) reportando um déficit de US$ 9 bilhões”, comparou Emmanoel Rondon.
O plano de reestruturação dos Correios reflete a necessidade de ajustes financeiros urgentes devido aos déficits recorrentes e à transformação do setor. A redução no número de agências e funcionários, juntamente com a revisão de benefícios e a venda de ativos, são medidas que visam garantir a continuidade da operação da empresa e sua adaptação a um mercado cada vez mais digitalizado e competitivo.
No entanto, essas mudanças também geram preocupações quanto ao impacto no atendimento ao público, especialmente em áreas remotas e regiões onde os Correios têm presença exclusiva.
O futuro da empresa, com a possível transformação em uma companhia de economia mista, também levanta questões sobre a privatização parcial ou total de um serviço considerado essencial para a integração do Brasil. Acompanhar os desdobramentos dessas mudanças será fundamental para entender como os Correios se reposicionarão no cenário nacional nos próximos anos.
