Os búfalos invadiram a Amazônia e se tornaram um dos maiores problemas ambientais em áreas protegidas de Rondônia. Sem predadores naturais e reproduzindo-se de forma descontrolada, os animais já causaram danos severos à fauna e à flora da região. Diante desse cenário, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) vai iniciar um teste de abate para tentar conter o avanço da espécie invasora e reduzir os prejuízos ambientais.
Atualmente, mais de 5 mil búfalos selvagens vivem em áreas remotas do oeste de Rondônia. A pesquisa piloto prevê o abate de cerca de 500 animais, o equivalente a 10% do rebanho, como forma de avaliar os impactos ambientais da medida e definir uma estratégia definitiva de controle.
Como os búfalos chegaram à Amazônia
Os búfalos não são nativos do Brasil. Eles chegaram a Rondônia em 1953, trazidos da Ásia em um projeto do governo estadual que pretendia explorar a produção de carne e leite. O plano fracassou, os animais foram abandonados e passaram a se reproduzir livremente dentro de unidades de conservação ambiental.
Hoje, os búfalos ocupam áreas como a Reserva Biológica do Guaporé, a Reserva Extrativista Pedras Negras e a Reserva de Fauna Pau D’Óleo, uma região estratégica onde se encontram três biomas: Amazônia, Pantanal e Cerrado.
Danos ambientais já são irreversíveis em algumas áreas
Especialistas alertam que os impactos causados pelos búfalos são graves e acumulados ao longo de décadas. Por serem grandes e pesados — podendo ultrapassar meia tonelada —, os animais pisoteiam a vegetação, compactam o solo e destroem áreas alagadas essenciais para o equilíbrio ambiental.
Um dos principais prejuízos está nos buritizais, que praticamente desapareceram em algumas regiões. Os búfalos abrem trilhas profundas, desviam o curso natural da água e impedem a regeneração da vegetação. Em 2024, pela primeira vez, houve um incêndio intenso o suficiente para queimar até o solo em áreas que antes eram permanentemente úmidas.
Além disso, espécies nativas, como o cervo-do-pantanal, estão sendo expulsas de seus habitats. Pesquisadores afirmam que não há registros recentes de convivência entre cervos e búfalos, o que indica risco real de extinção local.
Por que o abate é a única alternativa
Segundo o ICMBio, não existe logística viável para capturar ou remover os búfalos vivos, devido ao isolamento da região e à falta de acesso terrestre. A carne também não pode ser aproveitada, já que os animais nunca passaram por controle sanitário.
Se nenhuma ação for tomada, o Ministério Público Federal (MPF) alerta que a população de búfalos pode chegar a 50 mil animais em apenas cinco anos, tornando o problema ainda mais difícil de resolver.
Por isso, o abate é visto, no momento, como a única alternativa possível para proteger as espécies nativas e evitar um colapso ambiental ainda maior.
Pesquisa vai monitorar impactos do abate
A pesquisa piloto envolve três frentes principais:
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O ICMBio, responsável pela logística e gestão da área;
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A Universidade Federal de Rondônia, que analisará a sanidade dos animais;
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Uma empresa especializada, que fará o abate de forma voluntária.
Após a ação, os pesquisadores vão monitorar a área com câmeras e análises de água e solo. O objetivo é entender se as carcaças afetam a fauna local, se atraem outros animais e se há riscos ambientais adicionais.
Ação judicial pressiona por solução definitiva
O estudo ocorre paralelamente a uma ação civil pública do MPF, que exige um plano oficial de controle e erradicação dos búfalos. A Justiça deu prazo de três meses para que o ICMBio e o governo de Rondônia apresentem uma proposta técnica, com cronograma, custos e avaliação de riscos.
O MPF também pede uma indenização de R$ 20 milhões por danos morais coletivos, valor que pode ser destinado a ações de reflorestamento.
Situação exige resposta urgente
O caso dos búfalos que invadem a Amazônia mostra como espécies exóticas podem causar danos profundos quando não há controle. Especialistas reforçam que, sem uma ação rápida e eficaz, áreas inteiras podem se tornar ambientalmente irrecuperáveis.
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