A Alpargatas, empresa dona da famosa marca de chinelos Havaianas, está enfrentando uma queda significativa em suas ações após um boicote organizado nas redes sociais. A reação, em grande parte impulsionada por políticos e influenciadores de direita, está gerando perdas milionárias para a companhia e afetando seu valor no mercado.
Nesta segunda-feira (22), os papéis da Alpargatas apresentaram uma queda de 2,7%. Às 14h, as ações estavam sendo negociadas a R$ 11,40, o que representa uma perda de cerca de R$ 200 milhões em valor de mercado.
Apesar da queda inicial de até 3,2%, as ações conseguiram se recuperar parcialmente nas horas seguintes, mas o valor de mercado da empresa permanece em torno de R$ 7,3 bilhões na B3, a bolsa de valores brasileira.
O movimento de boicote a Alpargatas
O boicote começou a ganhar força após a Alpargatas lançar uma peça publicitária estrelada pela atriz Fernanda Torres, que gerou críticas nas redes sociais. No comercial, Fernanda diz: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não, não é nada contra a sorte, mas vamos combinar: sorte não depende de você, né? Depende de sorte. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés”.
O posicionamento de Fernanda foi interpretado por muitos como uma mensagem de apologia à esquerda, levando políticos e eleitores de direita a se mobilizarem contra a marca.
Entre os críticos, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado cassado da Câmara dos Deputados, publicou um vídeo onde joga um par de Havaianas no lixo, afirmando que o símbolo nacional de “sorte” foi quebrado pela atuação da marca. Ele também acusou Fernanda Torres de ser “declaradamente de esquerda”.
Já o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) usou o X (antigo Twitter) para ironizar o famoso slogan da marca, dizendo: “Havaianas, nem todo mundo agora vai usar”. Essa crítica se referiu diretamente ao famoso lema da marca, “Havaianas, todo mundo usa”.
Repercussão e consequências
O movimento de boicote gerou um grande impacto nas redes sociais, onde usuários estão prometendo deixar de comprar os chinelos da marca. O boicote está, portanto, não apenas afetando a imagem da Alpargatas, mas também seu desempenho financeiro, com reflexos diretos no mercado de ações.
Apesar do crescimento da empresa nos últimos 12 meses, quando as ações subiram 84%, a atual crise em torno da marca pode colocar em risco sua recuperação e estabilidade no futuro próximo.
A situação destaca como a polarização política pode afetar grandes marcas e os efeitos de campanhas publicitárias em tempos de forte envolvimento social e político. A Alpargatas e as Havaianas terão que enfrentar a pressão pública e avaliar os próximos passos para tentar reverter o impacto do boicote e retomar o equilíbrio financeiro e de imagem.





