Quando uma pessoa falece sem deixar herdeiros, seja filhos, cônjuge, parentes próximos ou testamento válido, muitos imaginam que seus bens são automaticamente “tomados” pelo Estado.
Porém, no Brasil, existe um processo legal que ocorre antes disso.
Inicialmente, o patrimônio entra em um estágio chamado herança jacente, no qual os bens passam a ser administrados pela Justiça.
Nesse período, o objetivo principal é localizar possíveis parentes que tenham direito legal à herança.
Quem são considerados herdeiros legais pela lei?
A legislação brasileira estabelece uma ordem clara de prioridade para receber herança. Assim, a sequência contempla:
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Descendentes (filhos, netos e bisnetos);
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Ascendentes (pais e avós);
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Cônjuge ou companheiro;
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Parentes colaterais até o quarto grau (irmãos, sobrinhos, tios e primos).
Caso nenhum desses familiares seja identificado, a herança não é imediatamente destinada ao governo.
O que é herança jacente e quanto tempo dura?
A herança jacente corresponde ao período em que o patrimônio fica sob controle judicial, aguardando manifestação de herdeiros.
Durante esse processo, portanto, a Justiça publica editais e abre prazo legal para que familiares possam se apresentar.
Esse prazo é de até cinco anos. Durante esse tempo, imóveis, contas bancárias e outros bens ficam preservados e não podem ser utilizados de forma definitiva por ninguém.
Quando os bens passam a ser do Estado?
Se nenhum herdeiro for localizado dentro do prazo legal, a herança passa a ser chamada de vacante. A partir daí, o patrimônio é incorporado ao poder público. Desse modo, a destinação ocorre da seguinte forma:
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Imóveis urbanos ficam com o município;
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Propriedades rurais são transferidas ao estado;
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Dinheiro e outros bens podem ir para a União.
Esses recursos passam a integrar o orçamento público e podem ser utilizados em serviços e investimentos.

O falecido deixa dívidas. Quem paga?
As dívidas são quitadas com os próprios bens deixados. Assim, ninguém herda prejuízo.
Se o patrimônio não for suficiente para cobrir as pendências, os débitos são encerrados sem gerar obrigação para terceiros.
Como evitar que tudo fique com o governo?
A forma mais segura de evitar esse destino é elaborar um testamento legal. Isso permite que qualquer pessoa escolha beneficiários, mesmo que não sejam parentes, e defina claramente o destino dos bens.
Planejar a sucessão, portanto, é uma decisão que evita conflitos e garante que o patrimônio seja usado conforme a vontade de quem construiu.





