O preço da gasolina sobe, o discurso ambiental cresce, porém a adesão aos carros elétricos não acompanha o mesmo ritmo.
Para muitos consumidores, o motivo não está no valor do veículo, mas em algo mais profundo: o medo de ficar sem bateria.
Esse receio, conhecido como range anxiety, tem pesado mais do que o custo do combustível na decisão de compra.
O que é a ansiedade de autonomia (range anxiety)?
A ansiedade de autonomia é o medo de a bateria acabar antes de encontrar um ponto de recarga disponível e funcional. Esse temor não é técnico, é emocional.
Mesmo quando a autonomia do veículo é suficiente para o trajeto, o simples fato de depender de fatores externos gera insegurança.
Além disso, o cérebro humano tende a evitar riscos imprevisíveis, mesmo quando eles são improváveis.
Gasolina é cara, mas previsível
No carro a combustão, o motorista tem controle total da situação.
-
Postos estão espalhados por cidades e estradas
-
O abastecimento leva poucos minutos
-
Falhas são raras
-
Não há dependência de aplicativos ou compatibilidade
Por isso, mesmo com o preço elevado, o custo é conhecido, mensurável e mentalmente confortável.
Bateria é mais barata, porém incerta
No carro elétrico, a experiência é diferente.
-
Pontos de recarga ainda são escassos em muitas regiões
-
Estações podem estar fora de operação
-
O tempo de recarga é longo
-
Há dependência de apps, cartões e tipos de plug
O resultado é uma sensação constante de dependência, algo que afasta o consumidor comum.
O efeito “celular descarregando” no volante
Ver a bateria do celular chegar a 20% já causa ansiedade. No carro elétrico, esse mesmo gatilho psicológico acontece, porém em escala muito maior.
A ideia de ficar parado em uma estrada, longe de casa ou sem alternativas, pesa mais do que pagar caro no combustível.
Esse desconforto emocional supera qualquer conta de economia no fim do mês.
Por que isso pesa mais no Brasil?
O contexto brasileiro amplia esse medo.
-
Distâncias longas entre cidades
-
Estradas com pouca infraestrutura
-
Interior sem rede de recarga
-
Condomínios sem preparação elétrica
Nesse cenário, entretanto, o carro elétrico exige planejamento constante, algo que muitos motoristas não querem incorporar à rotina.
O impacto direto no comportamento do consumidor
Mesmo interessados na tecnologia, muitos consumidores:
-
Adiam a compra do elétrico
-
Optam por carros a combustão
-
Migraram para modelos híbridos
A escolha não é contra o futuro, mas a favor da segurança.
O consumidor não está rejeitando o carro elétrico por causa do preço. Contudo, ele está reagindo ao medo de perder controle.
Enquanto ficar sem bateria parecer mais arriscado do que pagar caro na gasolina, a decisão continuará sendo emocional, não racional.





