O nome de Fábio Gabriel Araújo Salvador ou Salvador da Rima (para muitos), dominou as redes sociais nos últimos dias.
Para além da fama e sua carreira, nos últimos dias, o rapper paulista ganhou destaque nacional após seu depoimento na CPI dos Pancadões, no dia 16 de outubro.
A ocasião ocorreu na Câmara Municipal de São Paulo, onde defendeu o funk, a cultura periférica, enquanto criticou a criminalização das manifestações culturais nas periferias.

Salvador da Rima defende o funk e é aplaudido na CPI
Durante a audiência, Salvador da Rima fez um discurso firme em defesa do funk, afirmando que o movimento é expressão legítima da juventude periférica e não causa do crime.
Ele ressaltou que o problema não está na música, mas na falta de investimento público em educação, lazer e oportunidades para as comunidades.
Em um dos trechos mais compartilhados, o artista disse que “ser coração bom já é remar contra a maré”. Assim, reforçou a importância de se enxergar o funk como trabalho e arte, não como perturbação apenas.
Além disso, enquanto respondia o vereador sargento Nantes, destacou que também é favor do silêncio nas comunidades para o trabalhador que acorda cedo.
Por outro lado, alegou que, na maioria dos casos, quem está ali é o filho, neto um parente do trabalhador, que infelizmente, como pontua, não tem outra opção de lazer.
Algumas de suass falas renderam aplausos no plenário e, na internet, houve a repercussão imediata entre fãs e outros artistas da cena do rap e do funk.
Trechos virais e impacto nas redes sociais
Após a sessão, os vídeos com as falas de Salvador se espalharam pelas redes, especialmente no Instagram, TikTok e YouTube.
Trechos em que ele confronta vereadores e defende a cultura periférica ultrapassaram centenas de milhares de visualizações em poucas horas.
A hashtag #SalvadorDaRima chegou aos tópicos mais comentados no X (antigo Twitter).
Páginas de música, cultura urbana e política compartilharam cortes de vídeo com legendas como “deu aula na CPI” e “a voz da periferia não se cala”.
Essa onda de apoio transformou o rapper em um símbolo da resistência cultural nas periferias. Ou seja, um representante que fala diretamente com o público jovem que vê no funk um caminho de ascensão social e identidade.
Debate sobre criminalização e política pública
A oitiva também reabriu o debate sobre como o poder público trata o funk e os bailes de rua.
Enquanto parte dos parlamentares defendeu mais fiscalização e regras, Salvador argumentou pela organização, não pela repressão. Chegou, inclusive, a sugerir a criação de espaços autorizados para eventos culturais nas quebradas.
A fala do rapper sintetizou o sentimento de muitos artistas e moradores: o de que o baile é mais do que música — é economia local, lazer e cultura viva.
Além disso, ele foi enfático, e destacou que, pelo menos em São Paulo, segundo o que ele vivenciou: os bailes não partem das facções criminosas. Esta é uma prática, inclusive, bem difundida pela mídia, no estado do Rio de Janeiro.
Ele não negou que o crime pode atuar ali e se aproveitar da aglomeração, porém, colocou o movimento dos bailes como uma iniciativa da população e não do crime.
O momento, de todo modo, evidenciou a desconexão entre as políticas urbanas e as realidades das comunidades.
De artista periférico a voz nacional
Conhecido por sucessos como Vergonha pra Mídia e Ilusão (Cracolândia), Salvador da Rima já era um nome forte na cena do rap e do funk consciente.
Mas, com a CPI, ele cruzou a fronteira do nicho musical e se tornou personagem político e social, reverberando assim, o discurso de representatividade da periferia.
O episódio marca uma virada na carreira do artista: de intérprete de rimas para porta-voz de um movimento cultural que pede reconhecimento e respeito.