Estudos feitos pela Caixa Econômica Federal mostram que mais de 33 milhões de brasileiros não tinham acesso a contas bancárias. Nessa semana, o presidente da instituição financeira concedeu uma entrevista para o jornal Estadão, falando sobres os feitos da pandemia do novo coronavírus. Ao explicar o funcionamento do Caixa Tem no auxílio emergencial, Pedro Guimarães afirmou que dos 48 milhões de brasileiros contemplados, apenas 15 milhões tinham registro em banco.
O auxílio emergencial vem sendo ofertado desde o mês de abril para os cidadãos de baixa renda que não tenham vínculo empregatício ou demais benefícios do governo. Para poder fazer seu pagamento, a Caixa precisou criar uma conta bancária digital (Caixa Tem) com a finalidade de otimizar os depósitos.
Desse modo, a instituição pode averiguar que 33 milhões de brasileiros não tinham conta em banco e passaram a ser contemplados através do Caixa Tem.
Guimarães comemorou, afirmando que apesar da situação negativa, foi possível renovar os processos de inclusão bancária em todo o país.
— A gente conseguiu gerar 33 milhões novos clientes, do ponto de vista de inserção social e digital. São contas gratuitas, pelas quais é possível fazer transferências, pagamentos de contas, pagamentos de boletos. E vão continuar valendo após a pandemia, podendo sacar nos terminais de autoatendimento. Ou seja, o cidadão pode fazer basicamente tudo. Apenas se houver miuito consumo, vai passar a pagar as tarifas normais, já que essa conta foi criada com a hipótese de que o público é pessoas mais humildes —declarou Pedro Guimaraes.
Novo programa de microcrédito será lançado
De acordo com ele, esse processo só foi possível a partir da flexibilização do recolhimento de dados. A decisão foi apoiada pelo Banco Central, sob a justificativa de que o momento de pandemia permitiria a agilização das validações bancárias.
Mediante os resultados, o BC e a CEF agora irão trabalhar para lançar um novo programa de microcrédito com foco nesse grupo de clientes.
— O microcrédito era um projeto sobre o qual estávamos debruçados já antes da pandemia. Mas discussão que tínhamos internamente era de que não seria economicamente possível e rentável realizar operações de empréstimo de R$ 100 ou R$ 200 utilizando nossa base de agências, nem os lotéricos. A única maneira era via um aplicativo, o que acabamos desenvolvendo agora. Então a questão da solução via contas digitais acelerou em anos o projeto principal que tínhamos na Caixa — contou Guimarães.
De acordo com o presidente, a expectativa é que o novo serviço passe a funcionar a partir de fevereiro de 2021.
— Essas pessoas, antes, quando precisavam de dinheiro, tomavam em agiotas ou financeiras, com juros de até 20% ao mês. Após a pandemia, vamos lançar um grande programa de microcréditos, utilizando essa conta digital, e colocá-lo por uma fração pequena do que se cobrava antes dessas pessoas. Vai ser algo muito diferenciado.