VITóRIA DA CONQUISTA, BA — O boicote político à Havaianas, uma das marcas mais conhecidas da Alpargatas, gerou um impacto financeiro significativo: uma queda de R$ 200 milhões nas ações da empresa na Bolsa de Valores. Esse movimento foi desencadeado por uma campanha publicitária estrelada pela atriz Fernanda Torres, que gerou controvérsias devido ao seu conteúdo político.
O que causou o boicote à Havaianas?
O comercial, exibido no final de 2025, foi parte de uma campanha de fim de ano da Havaianas, na qual Fernanda Torres fazia uma brincadeira com a expressão “pé direito”. No vídeo, a atriz afirmou:
“Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito. Não é nada contra a sorte, mas vamos combinar… a sorte não depende de você. O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma.”
Embora fosse uma mensagem descontraída e motivacional, o comercial gerou uma reação imediata e negativa de figuras políticas da direita brasileira. Eles alegaram que a frase continha uma mensagem subliminar contra o “pé direito”, algo visto por eles como um símbolo positivo.
A reação da direita e a queda no valor da marca
Eduardo Bolsonaro, ex-deputado federal pelo PL-SP, foi um dos primeiros a reagir, publicando um vídeo em que despreza a marca e joga um par de chinelos da Havaianas no lixo.
O motivo? A escolha de Fernanda Torres, uma atriz associada a posições políticas de esquerda. Bolsonaro afirmou que a marca estava “atacando” o país e que a Havaianas tinha se distanciado de seus consumidores ao se aliar a uma figura pública de esquerda. Em suas palavras, segundo a CNN Brasil:
“Eu achava que isso daqui era um símbolo nacional. Eu já vi muito gringo com essa bandeirinha do Brasil no pé. Só que eu me enganei, eles escolheram para ser a garota propaganda da sandália uma pessoa declaradamente de esquerda.”
Outros políticos da direita também se uniram ao movimento de boicote nas redes sociais, mostrando claramente sua oposição à marca. Deputados como Bia Kicis (PL-DF) e Capitão Alberto Neto (PL-AM) aderiram à causa, com publicações semelhantes, alegando que “não comprariam de quem os ataca”.
Reações de apoio à marca de figuras políticas de esquerda
Porém, o boicote não ficou restrito à direita. Políticos de esquerda, como o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), reagiram apoiando a Havaianas. Pimenta foi ao Instagram e afirmou que compraria novos pares da marca, reforçando que a atitude da direita era desproporcional.
Já a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) também se posicionou, defendendo que o ataque à marca era uma tentativa de politizar um produto popular e de fácil acesso para a população, como as Havaianas. Ela comentou:
“A extrema direita resolveu declarar guerra às Havaianas. Motivo? Um comercial com Fernanda Torres sugeriu não começar o ano com o pé direito. Parece que até marca de chinelos virou ameaça ideológica agora.”
A queda nas ações da Alpargatas
O boicote se traduziu em um efeito financeiro imediato: as ações da Alpargatas (empresa responsável pela marca Havaianas) sofreram uma queda de R$ 200 milhões na Bolsa de Valores.
A reação política gerou um impacto real no valor de mercado da companhia. Pois os investidores demonstrando incerteza em relação ao futuro da marca, especialmente com a polarização política que tomou conta da situação.
O futuro da Havaianas: Um caminho de recuperação?
Embora o boicote tenha afetado as ações da empresa, é possível que a Havaianas recupere seu valor a longo prazo. Afinal, a marca possui força no mercado e o caráter simbólico de seu produto. Com investidores e consumidores de diversos espectros políticos se posicionando em relação à marca, a Alpargatas tem a oportunidade de capitalizar sobre a discussão política para afirmar sua identidade e seu compromisso com os valores que considera essenciais.
A marca pode até considerar sua resposta à crise uma chance para fortalecer sua imagem e destacar seu compromisso com a inclusão e a diversidade, independentemente de ideologias políticas. Isso será crucial para sua recuperação no mercado financeiro e a preservação de sua base de consumidores.
Por outro lado, a Ipanema está em pleno crescimento por ser uma alternativa às tradicionais Havaianas.

