SALESóPOLIS, SP — A corrida presidencial de 2026 ganhou um nome de peso e, ao mesmo tempo, inesperado: Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Em um anúncio que mudou o tabuleiro político, o senador confirmou ter sido o “ungido” pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para liderar a chapa da direita.

Mas quem é Flávio, o filho mais velho do ex-presidente, e qual a estratégia por trás de sua escolha em meio à inelegibilidade e à situação legal de Jair Bolsonaro?
O Anúncio que Mudou o Jogo: O “Ungido” de 2026
A confirmação da candidatura de Flávio veio após o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível e preso após condenação, finalmente admitir que não estará nas urnas em 2026.
Flávio Bolsonaro entra na disputa carregando um fardo e um trunfo: o sobrenome.
- O Vácuo de Liderança: Com o patriarca fora do páreo, o campo da direita precisava de um nome forte e, sobretudo, que garantisse a continuidade simbólica da marca Bolsonaro. Flávio cumpre esse papel.
- Endosso Partidário: A cúpula do Partido Liberal (PL) rapidamente endossou a decisão, com o presidente Valdemar Costa Neto afirmando: “Se Bolsonaro falou, está falado. Estamos juntos”.
- A Estratégia do 22: A equipe bolsonarista aposta no forte recall eleitoral do número 22 e na memória da eleição de 2022 para reativar o voto de milhões de eleitores.
Trajetória Política: Do Rio ao Senado (e as Polêmicas)
Flávio Bolsonaro é o filho mais velho e o primeiro a ingressar na vida pública, construindo uma carreira parlamentar consolidada, mas marcada por controvérsias.
📍 Cargos Eletivos e Ascensão
| Ano | Cargo | Destaque |
| 2003 – 2019 | Deputado Estadual (RJ) | Serviu por quatro mandatos consecutivos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), iniciando sua carreira aos 21 anos. |
| 2016 | Candidato a Prefeito do Rio | Disputou a prefeitura, mas não chegou ao segundo turno. |
| 2018 – Atual | Senador da República (RJ) | Eleito com mais de 4,3 milhões de votos, assumindo um papel de maior destaque na política nacional e no Congresso. |
O “Telhado de Vidro” na Campanha
Apesar da experiência legislativa, a candidatura presidencial de Flávio retoma instantaneamente as controvérsias que o acompanham:
- Caso das “Rachadinhas”: O inquérito sobre a suposta prática de peculato (conhecido como caso Queiroz e das “rachadinhas”) é a principal munição da oposição. Em uma campanha nacional, o holofote é impiedoso e esse tema deve ser revivido.
- Menor Reconhecimento: Comparado a governadores bem avaliados, ou até mesmo ao próprio pai, Flávio tem uma musculatura política nacional menos conhecida por parte do eleitorado, o que o coloca com desempenho inferior em pesquisas iniciais contra o atual presidente.
Por Que Flávio e Não Outro? A Lógica da Escolha
A ascensão de Flávio à cabeça de chapa da direita surpreendeu o mercado político, já que outros nomes, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, eram vistos como opções mais competitivas.
A decisão de Jair Bolsonaro por seu filho se baseia em três pilares:
1. Lealdade Incondicional (O Porta-Voz)
Flávio se estabeleceu como o principal interlocutor político e familiar do ex-presidente, mantendo acesso direto e demonstrando a lealdade máxima exigida pelo clã Bolsonaro. Ele é o nome que garante que a agenda do pai continuará sendo a bandeira principal.
2. Manutenção do Espólio Eleitoral
A principal força da direita continua sendo a marca Bolsonaro. Ao colocar Flávio, o ex-presidente evita que o espólio político seja diluído entre outros líderes que, embora aliados (como Tarcísio), poderiam buscar maior autonomia em relação à família.
3. A Peça no Tabuleiro da Negociação
Fontes políticas sugerem que a candidatura de Flávio pode ser um instrumento de barganha no Congresso. O próprio senador admitiu que pode desistir da disputa sob a condição de seu pai ser livre e elegível.
💬 Flávio Bolsonaro: “Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho um preço para não ir até o fim. Meu preço é justiça.”
A candidatura, portanto, pode ser uma tática para intensificar a pressão por anistia ou uma solução legal para o ex-presidente.
O que esperar agora
O lançamento de Flávio Bolsonaro resolve o problema imediato da direita – o vazio de nomes – mas cria um cenário de alto risco.
A campanha será uma batalha polarizada, onde a força do sobrenome será testada contra o peso das controvérsias e a estrutura do adversário.
A direita brasileira agora é, inegavelmente, um sobrenome tentando sobreviver na urna em 2026.

