Entenda por que o iFood terá de pagar quase R$ 1 bilhão ao governo

VITóRIA DA CONQUISTA, BA — iFood pagou quase R$ 1 bilhão em tributos federais após o governo obter uma vitória na Justiça, que considerou o uso indevido de benefícios fiscais do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

A Receita Federal apontou que o iFood deixou de recolher mais de R$ 900 milhões de tributos desde 2023, após continuar se beneficiando do programa mesmo depois de mudanças na legislação. Por isso a empresa de delivery recebeu uma multa tão alta.

O que aconteceu com o iFood?

A decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região confirmou que o iFood não tinha direito à isenção de impostos sob o Perse, após a edição de uma portaria que limitou as atividades que poderiam usufruir do benefício.

O programa, criado durante a pandemia de Covid-19, foi destinado a empresas de setores afetados pelas restrições de circulação, como o de eventos. A medida, no entanto, não contemplava empresas como o iFood, que viu suas receitas dispararem durante o período.

Entenda por que o iFood terá de pagar quase R$ 1 bilhão ao governo
Imagem/Divulgação: iFood

O pagamento do iFood e o impacto

Apesar de ter sido beneficiado pelo Perse, o iFood pagou os tributos devidos em parcelas durante os meses de setembro e outubro de 2025. A empresa afirmou que os valores pagos estavam provisionados em seus balanços financeiros e que não houve impacto financeiro na operação.

A Receita Federal ressaltou o “enorme dano ao erário”, já que o iFood foi identificado como o maior beneficiário do programa, consumindo um volume de renúncia fiscal que afetou outros contribuintes. Mesmo após o fim da pandemia, o iFood manteve suas receitas tributáveis altas, saltando de R$ 236 milhões em março de 2020 para R$ 836 milhões em 2022.

O fim do Perse e a mudança

Criado em 2021, o Perse visava reduzir os impostos para empresas dos setores de eventos, turismo e correlatos. O programa passou por várias alterações legais e foi extinto em abril de 2025, após um teto de R$ 15 bilhões ser atingido. A medida visava reduzir a renúncia fiscal e equilibrar as contas públicas.

O que vem por aí?

O pagamento de quase R$ 1 bilhão pelo iFood não implica na reabertura do Perse para novas concessões de benefícios. A Receita Federal também observou que o iFood não foi afetado pela pandemia de forma significativa, visto seu crescimento expressivo nas receitas tributáveis, o que gerou críticas sobre o desenho do programa.

Apesar de a decisão judicial ter impactado o iFood, o governo e os economistas seguem monitorando a gestão de tributos e a efetividade de programas como o Perse. A Receita Federal continua a lutar contra o uso indevido de benefícios fiscais, com o objetivo de assegurar o cumprimento da legislação e proteger o erário.

Jamille NovaesJamille Novaes
Formada em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a produção de texto sempre foi sua paixão. Já atuou como professora e revisora textual, mas foi na redação do FDR que se encontrou como profissional. Possui curso de UX Writing para Transformação Digital, Comunicação Digital e Data Jornalismo: Conceitos Introdutórios; e de Produção de Conteúdos Digitais.