Apagão solar no Brasil? Entenda a verdade por trás da notícia que viralizou

SALESóPOLIS, SP — Uma notícia que circula nas redes afirma que um eclipse solar “confirmado” causará um apagão em plena luz do dia no Brasil — algo que deixaria o país às escuras por minutos. Mas será que isso tem fundamento?

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Apagão solar no Brasil? Entenda a verdade por trás da notícia que viralizou
(Foto: I.A/Sora)

Especialistas e registros astronômicos mostram que esse cenário não ocorrerá agora, ou sequer em eventos visíveis no Brasil nos próximos anos.

O artigo viral se baseia em projeções de eclipses distantes e em fenômenos terrores fictícios para despertar medo, não em fatos científicos aplicáveis ao presente.

O que a notícia diz

  • O artigo viral afirma que um eclipse solar vai “apagar o sol por sete minutos e 29 segundos”, tornando visível um apagão natural em plena luz do dia;
  • Ele fala de um eclipse “sem precedentes”, registrado em 12 mil anos, que supostamente ocorrerá no Brasil;
  • Afirma ainda que em alguns países haverá “escurecimento total ao meio-dia” e que “no Brasil, a experiência será apenas parcial, mas continua muito impressionante”.

O que os especialistas e registros reais mostram sobre um apagão no Brasil

Ponto declarado na notícia O que apuramos / por que é enganoso ou impreciso
Apagão solar confirmado no Brasil agora Falso: não há previsão de eclipse solar total visível no Brasil com duração semelhante nos próximos anos. O evento de “sete minutos e 29 segundos” mencionado é um fenômeno previsto para 16 de julho de 2186, ou seja, daqui a cerca de 161 anos.
Fenômeno “sem precedentes”, eclipse mais longo em 12 mil anos A afirmação exagera. Eclipses solares totais longos são estudados, mas isso não os torna “sem precedentes” de forma que justifique medo imediato. E mais importante: mesmo que existam registros de eclipses muito longos, eles estão no futuro distante ou ocorrem em regiões bem específicas — normalmente fora da curva de observação pública imediata.
Visibilidade do fenômeno no Brasil A matéria admite que no Brasil será algo parcial, não total; mas isso não muda o fato de que não se trata de apagão “confirmado” ou imediato. O evento de 2027, citado, por exemplo, será visível em outras regi­ões do mundo, não no Brasil.

Cenário real atual: riscos que existem, mas diferentes

  • Existe sim um debate sério no Brasil sobre o risco de apagões elétricos — mas não por eclipses ou “apagões solares” misteriosos; sim por gestão de oferta e demanda, crescimento da geração distribuída (como energia solar nas residências) sem que a infraestrutura de transmissão ou regulação acompanhe, e por momentos de consumo alto ou falhas operacionais.
  • A ANEEL convocou reuniões para tratar “dos impactos do elevado crescimento da micro e minigeração distribuída de energia” e da segurança do Sistema Interligado Nacional para evitar falhas do sistema comum.

Veredito: apagão no Brasil é mito ou fato?

  • Mito: não há apagão solar confirmado no Brasil para agora ou para curto prazo com a gravidade descrita (apagão total durante luz do dia por eclipse).
  • Fato parcial: eclipses solares são reais, e haverá sim eclipses no futuro — mas os previstos para serem visíveis no Brasil não correspondem à descrição alarmista da notícia viral.
  • Preocupações reais: há riscos elétricos legítimos no contexto de geração distribuída e oferta/demanda energética — mas são assuntos técnicos regulados, discutidos por órgãos gestores, e não eventos astronômicos catastróficos iminentes.

O que observar para se proteger de desinformações como essa

  1. Verifique datas futuras concretas: quando uma matéria fala de um fenômeno “confirmado”, mas para 100+ anos à frente, é sinal de alerta.
  2. Olhe para localização de visibilidade: muitos eclipses são parciais ou visíveis apenas em países específicos — se for no Brasil, vai ter mapas astronômicos confiáveis.
  3. Checagem por fontes científicas/astronômicas oficiais: NASA, observatórios nacionais, institutos de astronomia.
  4. Desconfie de superlativos (“apagar o sol”, “apagão total”, “sem precedentes”) sem base técnica imediata.

 

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com