Horário de verão 2025 ganha força após apagão nacional

O Brasil amanheceu, nesta terça-feira (14), com relatos de apagão em diferentes regiões do país. Episódios como este, no entanto, trazem um questionamento sobre a possibilidade da volta do horário de verão e sua real eficácia.

Mapa do Brasil com horário de verão
Imagem: Geração/FDR

Segundo dados preliminares das distribuidoras:

  • A falha ocorreu no Sistema Interligado Nacional (SIN), responsável por conectar todas as redes estaduais de energia.
  • Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Amazonas e Santa Catarina ficaram sem luz por alguns minutos, em horários variados.

Em algumas áreas, como a Grande São Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, o fornecimento voltou em menos de uma hora.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que a queda não ocorreu por sobrecarga. Seria, entretanto, uma falha de sincronização dentro da malha de transmissão.

Ainda assim, o episódio trouxe à tona uma questão que vinha sendo discutida em silêncio nos bastidores: o risco de instabilidade em momentos de alta demanda, especialmente no fim do ano.

Plano da ONS prevê reforço na operação de fim de ano

O apagão ocorre justamente no momento em que o ONS finaliza o Plano de Operação Energética 2025-2029. Ele prevê um conjunto de ações para lidar com o aumento do consumo no verão. Entre as medidas, estão:

  • Uso ampliado de usinas térmicas em horários de pico;
  • Contratação de potência adicional, como reserva estratégica;
  • Gestão de demanda, incentivando consumidores a reduzir o uso em determinados horários;
  • E a possível volta do horário de verão, medida que ganhou força após o incidente desta semana.

A proposta é que, ao adiantar os relógios em uma hora, o consumo residencial seja parcialmente deslocado para períodos com maior luminosidade natural.

Em teoria, isso reduz a sobreposição entre iluminação doméstica e pico industrial.

Horário de verão volta ao centro da discussão

O horário de verão foi suspenso em 2019, após estudos indicarem que seu impacto na economia de energia havia diminuído.

Agora, porém, o cenário mudou: com a expansão da energia solar distribuída, o pico de consumo passou a ocorrer justamente após o pôr do sol. É o momento em que a geração solar cai e o sistema precisa de apoio de fontes térmicas.

Segundo estimativas preliminares do ONS, a medida poderia aliviar até 2 GW de carga — energia suficiente para abastecer uma cidade do porte de Belo Horizonte.

Especialistas, no entanto, ressaltam que o horário de verão não resolveria falhas estruturais. Contudo, poderia evitar apagões provocados por sobrecarga em horários críticos.

Desafio do equilíbrio entre oferta e demanda

O apagão nacional de outubro evidencia um alerta: o sistema elétrico brasileiro continua vulnerável, mesmo fora dos horários de pico.

Espera-se um aumento do consumo previsto para o fim do ano e a redução das chuvas nas regiões de geração hídrica. Neste cenário, o país deve depender mais das fontes térmicas para garantir o fornecimento estável.

Se confirmada, a volta do horário de verão em 2025 não seria apenas uma mudança de relógio. Assim, viria como uma estratégia técnica para garantir estabilidade e prevenir um novo colapso.

O episódio de agora, portanto, pode acelerar decisões políticas e técnicas que vinham sendo tratadas com cautela.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.