Gambá ou Saruê: o animal que muitos temem, mas poucos conhecem de verdade

gambá, também conhecido como saruê em várias regiões do Brasil, é um marsupial nativo da América do Sul pertencente ao gênero Didelphis.

Diferente do que muita gente imagina, ele não é um roedor, mas sim um parente distante dos cangurus e coalas australianos.

Dotado de uma cauda longa e preênsil, o gambá utiliza o corpo ágil para se equilibrar em árvores e explorar ambientes urbanos em busca de alimento. Sua aparência pode assustar, contudo, ele é bem tímido e raramente agressivo.

Qual é a diferença entre gambá e saruê?

Na prática, gambá e saruê são o mesmo animal. O que muda é apenas o nome popular, que varia conforme a região do país.

No Nordeste e em parte do Sudeste, o termo “saruê” é mais comum; já no Sul e no Centro-Oeste, predomina “gambá”.

De todo modo, ambos se referem a espécies como o Didelphis aurita (gambá-de-orelha-preta), uma das mais comuns no território brasileiro.

Imagem de um gambá na árvore
Gambá ─ IMagem: Geração/FDR

Como vive o saruê?

O saruê é onívoro — ou seja, come de tudo um pouco. Assim, sua dieta inclui frutas, insetos, pequenos animais, ovos e até carniça.

Isso faz dele um limpador natural do ecossistema, ajudando a controlar pragas urbanas e dispersar sementes.

De hábitos noturnos e solitários, o gambá costuma dormir durante o dia em ocos de árvores, entulhos ou telhados.

Quando se sente ameaçado, ele pode “fingir de morto”, um comportamento instintivo chamado de thanatosis, que confunde predadores.

O mito do mau cheiro

Uma das maiores injustiças com o gambá é sua fama de “fedorento”.

No entanto, diferente da mofeta norte-americana (que solta spray de defesa), o saruê não possui glândulas que espirram odor à distância.

Ele apenas exala um cheiro forte quando está muito estressado, como último recurso de defesa. Portanto, o cheiro não é constante — e tampouco perigoso.

Reprodução e cuidados com os filhotes

Como todo marsupial, a fêmea do saruê tem uma bolsa chamada marsúpio, onde os filhotes continuam se desenvolvendo após o nascimento.

Cada gestação pode gerar até 10 filhotes, que permanecem agarrados à mãe por cerca de dois meses.

Esse cuidado intenso garante a sobrevivência da ninhada e reforça a importância do animal no equilíbrio natural.

O papel ecológico do gambá

O gambá exerce funções ecológicas cruciais, com, por exemplo:

  • Controle biológico: alimenta-se de insetos e roedores, evitando infestações.
  • Limpeza urbana: consome restos orgânicos, ajudando a reduzir lixo e carniça.
  • Reflorestamento natural: ao comer frutas, espalha sementes por onde passa.

Esses fatores tornam o saruê um verdadeiro “zelador da natureza”, mesmo quando aparece em quintais e telhados.

O que fazer se encontrar um saruê em casa

Encontrar um gambá no quintal é mais comum do que parece, principalmente em cidades próximas a áreas verdes. Nesses casos:

  1. Mantenha distância. Pois, ele raramente ataca.
  2. Não tente capturar. Chame o corpo de bombeiros (193), ou o centro de zoonoses.
  3. Evite lixo exposto. Afinal, restos de comida atraem o animal.
  4. Feche frestas no telhado. Isso impede que ele use o local para se abrigar.

Importante: não mate nem afugente com violência. O saruê é um animal silvestre protegido por lei e atua como aliado ambiental.

Do campo à cidade: a adaptação surpreendente

A urbanização forçou o gambá a se reinventar. Hoje, ele aparece em bairros residenciais, parques e universidades, sobrevivendo entre muros e jardins.

Sua inteligência adaptativa é notável: ele reconhece rotas seguras, memoriza fontes de alimento e consegue coexistir com cães e gatos. Isso tudo, sem provocar grandes conflitos.

Por trás dessa convivência, há um alerta ambiental: a invasão de áreas naturais e a redução de habitat obrigam o saruê a buscar novos refúgios. Portanto, vê-lo em ambientes urbanos é um reflexo direto do impacto humano sobre a fauna nativa.

Curiosidades sobre o gambá

  • É imune ao veneno de cobras, como jararacas e cascavéis.
  • Possui pouca chance de transmitir raiva, ao contrário de outros mamíferos.
  • Vive, em média, três a quatro anos.
  • Consegue reconhecer rostos humanos — e lembrar por até um mês.
  • Em algumas culturas indígenas, é símbolo de astúcia e sobrevivência.
Imagem de um gambá na árvore
Gambá ─ IMagem: Geração/FDR

Por que devemos respeitar o saruê?

O medo e a desinformação ainda fazem muitos brasileiros associarem o gambá a doenças e sujeira.

Mas a verdade é que esse pequeno marsupial trabalha silenciosamente pela limpeza das cidades e pela manutenção do equilíbrio ecológico.

Cada saruê morto injustamente representa menos controle natural de pragas, menos dispersão de sementes e mais desequilíbrio ambiental.

Proteger o gambá é proteger o próprio ambiente urbano — e compreender que coexistir é mais inteligente do que combater.

O saruê, ou gambá, sem dúvida, é um símbolo de resistência e adaptação. Apesar da aparência incomum, ele representa um elo vital entre a natureza e as cidades.

Por isso, ao respeitar esse pequeno guardião noturno, damos um passo importante para reconectar o ser humano ao meio ambiente.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.