70 municípios aprovam leis para criação de loterias próprias; Governo rebate

Prefeituras em diferentes estados brasileiros têm aprovado leis que autorizam a criação de loterias municipais, numa tentativa de ampliar a arrecadação local.

Segundo levantamento publicado neste domingo (5) pelo G1, mais de 70 cidades já têm propostas em andamento.

Embora, algumas já estejam sancionadas e outras em fase de estudo, o governo federal classifica a prática como ilegal.

O que as prefeituras estão fazendo?

Desde a aprovação da Lei 14.790/2023, houve a regulamentação das apostas esportivas e jogos de quota fixa no país. Depois disso, diferentes prefeituras enxergaram uma brecha para implementar sistemas de loterias próprias.

Essas iniciativas prometem destinar parte da arrecadação — geralmente entre 2% e 5% da receita bruta — a áreas como saúde, educação e assistência social.

Entretanto, apenas uma cidade, Bodó (RN), chegou a colocar o sistema em prática, com a loteria Lotseridó.

A operação foi imediatamente notificada pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda. Isso por não ter autorização federal, se tornando o primeiro caso concreto de conflito entre as esferas municipal e nacional.

Máquina de caça-níquel de jogos de loteria física
70 municípios aprovam leis para criação de loterias municipais ─ Imagem: Reprodução

Governo vê irregularidade nas iniciativas em torno dessas loterias

O governo federal afirma que a legislação é clara: somente a União, os estados e o Distrito Federal podem explorar loterias e apostas esportivas.

A SPA, vinculada ao Ministério da Fazenda, reforça que qualquer operador ou ente público que atue fora dessa regra viola a Lei 14.790/2023.

Além disso, técnicos da pasta alertam para o risco de falta de fiscalização e de proteção ao consumidor caso cada município passe a criar suas próprias regras.

A ausência de padronização também pode facilitar práticas ilegais e reduzir a transparência sobre o destino das apostas.

Arrecadação e disputa política

Prefeituras defendem que o objetivo é gerar receita local e reduzir a dependência de repasses federais, especialmente em cidades pequenas.

Alguns gestores afirmam que o modelo municipal de loteria seria “mais próximo da comunidade” e poderia financiar projetos sociais diretos.

Contudo, especialistas destacam que o custo de fiscalização e a insegurança jurídica tornam o modelo pouco viável.

Enquanto isso, o governo central prepara novas regulamentações para fortalecer o controle sobre o mercado de apostas. E assim, evitar a proliferação de sistemas paralelos.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.