Após Ubatuba arrecadar R$ 119 MI em 3 anos, Aparecida quer taxar turistas

A Prefeitura de Aparecida (SP) apresentou à Câmara Municipal um projeto de lei que deu o que falar. O Projeto de Lei Executivo nº 48/2025, cria a Taxa de Turismo Sustentável, voltada para veículos que entram na cidade.

O modelo segue exemplos recentes, como o de Ubatuba (SP), que arrecadou R$ 119 milhões em apenas três anos. A cidade aplicou cobrança semelhante para preservação ambiental e manutenção urbana.

O prefeito Zé Louquinho (PL) afirma que a medida se tornou essencial. Afinal,  equilibra os impactos provocados por milhões de romeiros que visitam o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida todos os anos.

Além disso, ele ressalta que a circulação intensa pressiona a infraestrutura local. Na prática, exige investimentos constantes em limpeza, ordenamento urbano e preservação ambiental.

Quanto custará a nova taxa de turismo em Aparecida?

O projeto define valores diferentes conforme o tipo de veículo, sempre com base na Unidade Fiscal do Município (UFM):

Basílica de Aparecida
Basílica de Aparecida – Imagem: Reprodução
  • Carro de passeio: R$ 10,01
  • Moto: R$ 5,00
  • Van ou Kombi: R$ 20,03
  • Micro-ônibus: R$ 40,06
  • Ônibus de turismo: R$ 70,11

A prefeitura ainda discute se a cobrança valerá por dia ou por hora de permanência.

Além disso, planeja um sistema de plataforma digital, possivelmente com câmeras que reconhecem placas para registrar entradas e saídas.

Quem terá isenção da taxa em Aparecida?

O texto assegura isenção para:

  • Moradores locais, com veículos registrados em Aparecida.
  • Oito cidades vizinhas: Guaratinguetá, Potim, Roseira, Lorena, Canas, Piquete, Cachoeira Paulista e Cunha.
  • Veículos oficiais de serviço público, como ambulâncias, polícia e bombeiros.
  • Carros de eventos reconhecidos pela prefeitura, como procissões e encontros religiosos.

Assim, a medida protege moradores e municípios parceiros, ao mesmo tempo em que evita prejudicar atividades essenciais.

Como a cidade pretende usar o dinheiro arrecadado?

Se os vereadores aprovarem a proposta, o valor arrecadado irá para o Fundo Municipal de Turismo Sustentável (FMTS). Dessa forma, a administração municipal pretende aplicar os recursos em:

  • manutenção de ruas, praças e sinalização turística;
  • limpeza urbana e coleta de resíduos;
  • projetos de preservação ambiental;
  • capacitação profissional ligada ao turismo;
  • promoção de eventos religiosos e culturais.

A prefeitura afirma que vai devolver os recursos em melhorias visíveis tanto para moradores quanto para visitantes.

Câmara Municipal critica o projeto

Apesar do otimismo do Executivo, os vereadores demonstram resistência.

A Câmara de Aparecida já emitiu parecer contrário, alegando falta de clareza no impacto orçamentário.

Basílica de Aparecida
Basílica de Aparecida – Imagem: Reprodução

Segundo a análise, o estudo apresentado não mostra estimativas confiáveis de arrecadação nem detalha reflexos sobre a LDO e a LOA. Portanto, esse ponto pode atrasar a votação ou até levar a alterações no texto.

Enquanto isso, setores ligados ao turismo aguardam definição. O impasse promete acirrar a disputa política nos próximos meses.

O que diz a experiência de Ubatuba

A referência principal do debate é Ubatuba, que arrecadou R$ 119 milhões entre 2022 e 2025 com a Taxa de Preservação Ambiental (TPA).

Na cidade litorânea, o dinheiro financiou limpeza de praias, recuperação ambiental e manutenção da infraestrutura turística.

Esse caso fortalece o argumento da prefeitura de Aparecida, que deseja provar que a medida pode garantir sustentabilidade para destinos de grande fluxo.

Por outro lado, críticos lembram que Aparecida atrai sobretudo romeiros de baixo poder aquisitivo. O que poderia transformar a cobrança em barreira para parte dos fiéis.

Como a nova medida pode mexer com o turismo religioso?

Se a taxa entrar em vigor, romeiros que viajam em ônibus e vans sentirão os primeiros reflexos, especialmente em datas religiosas como 12 de outubro.

Embora os valores pareçam simbólicos, eles podem se acumular quando aplicados a grupos numerosos.

Além disso, entidades ligadas ao turismo religioso já preparam mobilização para discutir ajustes. O desafio, portanto, será equilibrar sustentabilidade financeira, preservação urbana e acessibilidade ao maior centro de fé católica do país.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.