Após demitir mais de 1000 funcionários, Itaú publica artigo sobre o impacto da IA

Nos últimos dias, o Itaú Unibanco chamou atenção do mercado após anunciar a demissão de mais de 1000 funcionários em diferentes áreas.

Nesta quarta-feira (10), o banco publicou o relatório The Weekly Globe. Nele, analisa como a inteligência artificial (IA) está transformando a economia, os negócios e o futuro do trabalho.

A coincidência dos fatos, entretanto, levanta debates sobre produtividade, automação e o papel da tecnologia em reestruturações corporativas.

Itaú aponta caminhos da inteligência artificial

No documento, o Itaú destaca que a IA é uma das tecnologias de adoção mais veloz da história, com impactos já perceptíveis em produtividade e inovação.

Segundo o relatório, a transformação não é apenas técnica: cadeias produtivas, serviços financeiros e até o cotidiano das pessoas passam por mudanças estruturais.

Entre os pontos principais citados:

Fachada do Itaú com algumas pessoas passando em frente
(Imagem: Jeane de Oliveira/ FDR)
  • Automatização de tarefas repetitivas, liberando profissionais para funções estratégicas.
  • Personalização em tempo real de produtos e serviços para clientes.
  • Otimização operacional, reduzindo custos e acelerando decisões.
  • Novos modelos de negócio, ainda em fase experimental, mas com potencial disruptivo.

Onde estão os desafios e contradições?

Apesar do tom otimista, o relatório reconhece obstáculos. O consumo de energia dos data centers, por exemplo, cresce em ritmo acelerado, exigindo alternativas em fontes renováveis e hardware mais eficiente.

Além disso, há riscos ligados à privacidade de dados, à regulação e à adaptação da força de trabalho.

Outro ponto abordado é o excesso de expectativas: o banco alerta que parte do entusiasmo com IA é “ruído” e que será necessário distinguir promessas irreais de aplicações concretas.

Demissões em contraste com o discurso

Enquanto projeta o futuro com a IA, o Itaú enfrentou críticas por dispensar mais de 1000 colaboradores, especialmente em áreas ligadas ao trabalho remoto.

Segundo sindicatos, as demissões ocorreram sem diálogo e baseadas em parâmetros de produtividade questionáveis. O banco, por sua vez, afirmou que os desligamentos foram motivados por “baixa aderência” a modelos de home office.

Essa situação abre espaço para reflexões:

  • Estariam os avanços tecnológicos sendo usados como justificativa para cortes de pessoal?
  • Até que ponto o ganho de eficiência supera os impactos sociais das reestruturações?
  • Como conciliar inovação e responsabilidade corporativa em um cenário de mudanças rápidas?

    Itaú manda AVIGO GERAL para clientes e mudança começa em outubro
    (Imagem: Jeane de Oliveira/ FDR)

O que esperar daqui para frente

O Itaú afirma que pretende investir em competências internas de IA, acelerar a implementação de pilotos e manter autonomia em sua arquitetura tecnológica, ainda que conte com parcerias externas.

No entanto, a publicação do relatório em meio às demissões reforça a tensão entre dois mundos: a busca por eficiência com novas tecnologias e a necessidade de preservar empregos e condições dignas para trabalhadores.

A frase final do documento resume o desafio: “As decisões de hoje moldarão não apenas os próximos trimestres, mas as próximas décadas.”

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.