Luiz Fux muda posição em julgamento da trama golpista no STF

O ministro Luiz Fux consolidou uma mudança importante de entendimento no julgamento da chamada trama golpista envolvendo Jair Bolsonaro e aliados.

Em seu voto, nesta quarta-feira (10), ele apontou a incompetência do Supremo Tribunal Federal (STF) para conduzir o processo, além de destacar falhas na garantia de defesa dos réus.

A posição, entretanto, marca uma diferença em relação aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, que votaram pela condenação de todos os acusados.

Por que Luiz Fux questionou a competência do STF?

Segundo o ministro, ao deixarem seus cargos, os réus perderam a prerrogativa de foro.

Dessa forma, o julgamento não deveria ser conduzido pela Primeira Turma do STF, mas encaminhado à primeira instância da Justiça comum.

Luiz Fux
Luiz Fux ─ Imagem: Reprodução/Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Fux também ressaltou que casos conexos tramitaram no plenário, o que reforçaria a necessidade de uniformidade no julgamento.

O que ele apontou como falhas na defesa?

Fux destacou que a entrega de 70 terabytes de documentos às defesas ocorreu de forma desorganizada. Além disso, também teria sido em cima da hora, prejudicando o direito ao contraditório.

Para ele, esse fato gera nulidade desde o recebimento da denúncia. Apesar disso, o ministro reconheceu a validade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Como ficaram as acusações contra os réus?

O voto de Luiz Fux rejeitou a tese de organização criminosa, por não identificar estrutura estável entre os acusados.

Também descartou os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado de Direito, afirmando que não houve violência concreta nem dolo qualificado.

  • Mauro Cid: absolvido em parte, mas condenado por tentativa de abolição democrática.
  • Almir Garnier: absolvido de todas as acusações, por falta de provas suficientes.

Com esse posicionamento, Luiz Fux abriu uma frente divergente dentro do STF, enfatizando a importância do devido processo legal e da ampla defesa.

O resultado final do julgamento ainda depende dos votos de outros ministros, mas a fala de Fux já repercute como um divisor de águas.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.