VITóRIA DA CONQUISTA, BA — A condenação de Léo Lins reacende um debate sobre os limites do humor no Brasil. Há quem defenda o humorista e quem esteja comemorando a sentença. Antes de decidir de que lado você vai ficar, entenda o porquê de o humorista ter sido condenado à prisão.

Foto: Instagram/Divulgação
Na última terça-feira, 3, a Justiça Federal condenou Léo Lins a 8 anos e 3 meses de prisão, além do pagamento de multa e indenização por danos morais. A condenação veio graças a piadas preconceituosas feitas pelo humoristas durante seu show de stand-up “Perturbador”.
O show foi gravado em 2022, postado no canal no YouTube e já soma mais de 3 milhões de visualizações. Na ocasião ele fez piadas com negros, idosos, obesos, pessoas com HIV, homossexuais, indígenas, nordestinos, evangélicos, judeus e pessoas com deficiência.
Com a condenação, além da prisão, ele terá que pagar multa equivalente a 1.170 salários-mínimos (em valores da época da gravação) e indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. A defesa do humorista alega que ele não teve a intenção de ser preconceituoso.
Condenação de Léo Lins reabre debate sobre limites da comédia
- De acordo com a juíza que deu a sentença, as “piadas” escondem ofensas contra minorias que só reforçam os discursos de ódio que são feitos contra essas pessoas.
- Ela chegou a citar partes do show do humorista onde ele mesmo admite que sua piada foi preconceituosa, informa o g1.
- A sentença acabou dividindo opiniões, entre as pessoas que defendem Léo está Danilo Gentili, apresentador e humorista que já trabalhou com ele.
O que é liberdade de expressão?
O termo tão falado parece ser realmente desconhecido por boa parte da população. De acordo com a Constituição Federal, ela é:
“a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura”.
Porém, essa liberdade não pode ultrapassar determinados limites que vão incitar o ódio a violência, fazer apologia ao crime ou ainda resultar em manifestações discriminatórias e racistas. É justamente nesse ponto que Léo Lins foi condenado, suas “piadas” foram vistas como incitações.
Limite no humor
Tradicionalmente o humor trabalha com constrangimento, vergonha, humilhação, porém, também pode fazer críticas sociais e políticas. A grande questão é que mesmo dentro desses padrões, há limites, não há como usar o humor para reforçar discursos preconceituosos.
Segundo especialistas houve intencionalidade nas ofensas, pois, o espetáculo contou com edição, roteiro, gravação e divulgação do conteúdo. A sentença ainda cabe recurso, o que a defesa do humorista deve fazer.
No mesmo ano em que Léo Lins fez o stand-up, o SBT multou outro humorista por piada considerada preconceituosa.