As apostas eletrônicas, chamadas de bets, viraram alvo de investigações em todo país. O assunto se tornou ainda mais polêmico depois da prisão da advogado e influenciadora, Deolane Bezerra. E do recente mandato de prisão contra o cantor sertanejo Gusttavo Lima.

Os jogos e apostas eletrônicas que a princípio pareciam inofensivos, hoje se tornaram uma grande preocupação nacional. A sociedade, principalmente as famílias, os bancos e o governo, estão demonstrando incômodo com o número de apostadores no país.

As pessoas estão perdendo muito dinheiro quando este médoto que promete dar dinheiro de volta, mas na verdade não passa de um jogo de azar. Ou seja, não há garantia de que vai receber qualquer quantia de volta.

Segundo uma pesquisa do banco Santander, estima-se que os brasileiros tenham gasto entre R$ 100 bilhões e R$ 150 bilhões com jogos em 2023. Este percentual não é só de apostas online, mas também de loterias federais e as atividades que permanecem ilegais (como jogo do bicho).

Embora o PIB (Produto Interno Bruto) tenha aumentado, o número de empregos formais subido, e o aumento da renda se destacado, o percentual de brasileiros endividados continua subindo. Especialistas acreditam que a justificativa esteja relacionada a apostas em bets.

Apostas esportivas e eletrônicas são ilegais?

Na verdade, fazer apostas em plataformas como Esporte da Sorte, Bet Nacional, Vai da Bet e outras, não é considerado como uma prática ilegal. Pelo contrário, a prática é autorizada por lei.

Não é à toa que grandes e influentes marcas recebem o patrocínio deste tipo de empresa, como é o caso dos times de futebol paulista Corinthians e Palmeiras. O que pode vir a suspender esses jogos está ligado a casos de organização criminosas por jogos ilegais.

Entre os jogos ilegais está o jogo do bicho que era práticado pelo Esporte da Sorte, mas escondido entrelinhas pelas apostas que são autorizadas pela legislação brasileira.

“As várias células da organização criminosa também operavam no ramo de bets, mas o básico, de origem, a gente ressalta que diz respeito aos jogos não autorizados pela legislação brasileira. As bets eram utilizadas, além de outras empresas, na lavagem do dinheiro oriundo desse ramo ilegal de jogos”, informou a Polícia Civil de Pernambuco sobre o caso.

Prisão de famosos ligados as bets chama atenção

Depois de Deolaze Bezerra ter sido presa no início do mês de setembro, acusada de lavagem de dinheiro. Agora, o cantor sertanejo Gusttavo Lima recebeu um mandato de prisão na última segunda-feira (23), expedido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco.

No entanto, horas antes ele viajou para Miami, na Flórida (EUA) em um voo privado que saiu de Guarulhos, em São Paulo. O CPF do cantor já consta no sistema da Polícia Federal, isso significa que se ele retornar ao Brasil pode ser preso ainda no aeroporto.

Tanto Deolane, como Gusttavo Lima, estão respondendo pela mesma operação movida pela Justiça de Pernambuco. Enquanto a advogada foi acusada de pertencer a uma quadrilha envolvida em lavagem de dinheiro, e ligada ao Esporte da Sorte, o cantor recebeu outra acusação.

Na ordem de prisão, a juíza Andrea Calado da Cruz, diz que “a conivência de Nivaldo Batista Lima [Gusttavo Lima] com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade“.

De acordo com a juíza, o cantor fez uma viagem para a Grécia com o casal José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha. Os dois são sócios da empresa de apostas Vai de Bet, e investigados na operação Integration.

No retorno da viagem, com destino a Goiânia, o casal não estava no avião de matrícula PS-GSG. A justiça entendeu que a ida para a Grécia foi uma tática para fugir do processo judicial.

Jogos de apostas serão suspensos?

Por hora o governo brasileiro não informou se vai suspender os jogos de aposta. Por outro lado, o vice-presidente Geraldo Alckmin se reuniu na última segunda-feira (23) com representantes de 12 empresas de varejo que pedem por regras mais rígidas para apostas.

Na ocasião, foi solicitado o fim imediato do uso de cartão de crédito para a atividade, situação que já estava nos planos do Ministério da Fazenda, mas para começar a valer apenas a partir de janeiro de 2025.

“Um dos pontos é a possibilidade de antecipar essa questão dos cartões de crédito. Ele (Alckmin) se mostrou bastante sensível a essa questão. Ele vai fazer uma reunião com outros ministros durante essa semana para avaliar as alternativas possíveis para endereçar as questões apresentadas”, informou Edmundo Lima, diretor da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), ao jornal Globo.