Bolsa Família pode abrir mão de importante regra para atender empresários

O pagamento do Bolsa Família acontece exclusivamente para famílias que vivem na linha da pobreza e extrema pobreza. É preciso comprovar que está em situação de vulnerabilidade social para ser contemplado pela ajuda financeira. Existem regras que ajudam a cumprir com o compromisso de ajudar apenas quem precisa. Mas em um acordo com o Ministério do Trabalho, pode ser aberta uma exceção.

Bolsa Família pode abrir mão de importante regra para atender empresários
Bolsa Família pode abrir mão de importante regra para atender empresários (Imagem: Marcos Rocha/ FDR)

Conforme apurado pelo UOL, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), trabalharão em conjunto. Tudo porque, eles pretendem beneficiar a dois grupos que são atendidos por cada um desses ministérios. O de pessoas em vulnerabilidade que recebem o Bolsa Família, e o de empresários que precisam de mão de obra. 

Uma das regras mais claras do programa social é de que para receber a ajuda financeira a família não pode ultrapassar o limite de renda permitido por pessoa, hoje esse limite é de R$ 218. Quando um dos membros consegue um emprego com carteira assinada, dificilmente a família vai conseguir cumprir com essa regra. Tendo aumento na sua renda, eles são excluídos do programa social.

Esse é um dos pontos que muitas vezes impede os vulneráveis de tentar um emprego com registro, e faz com que eles prefiram a informalidade, atuando em “bicos” e freelas. Embora o salário mínimo (R$ 1.302 em 2023) seja maior que o pagamento do Bolsa Família (R$ 600), a insegurança de manter o emprego e o risco de ficar sem nenhuma renda desestimulam esse público.

Inscritos no Bolsa Família poderão trabalhar

A ideia do MTE, dirigido pelo ministro Luiz Marinho, e do MDS sob o comando de Wellington Dias, será o de permitir que inscritos no Bolsa Família possam trabalhar sem afetar seu benefício. A ideia não é que eles recebam os dois pagamentos juntos, o de salário e do auxílio, mas que possam abrir mão temporariamente do Bolsa para trabalhar.

No fim do contrato, eles retornam ao programa social tendo a garantia de que assim que a remuneração salarial terminar, eles voltam a receber o Bolsa Família. Para isso, será feito um acordo com empresários do setor cafeeiro que comunicaram ao ministro Luiz Marinho a necessidade de mão de obra durante o período de safra.

Por isso, a ideia seria permitir que os inscritos no Bolsa Família assinassem um contrato de trabalho temporário com carteira assinada. Por esse período eles receberiam não mais o auxílio social, mas seu salário. Terminado o contrato, essas pessoas retornariam ao programa.

De acordo com Marinho, eles trabalham para fazer um acordo com os safristas respeitando essas regras. Ele ainda disse que a ideia é estimular o mercado de trabalho, e impedir contratações análogas a escravidão. Será feito um cruzamento de dados entre os ministérios para a cessão e depois continuação do pagamento do auxílio.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com