- Região Nordeste foi a principal responsável por colocar Lula na liderança no primeiro turno;
- Legado de Lula no Nordeste é baseado na história pessoal do ex-presidente;
- Nordeste também teve influência na eleição de Bolsonaro em 2018.
Apesar da necessidade de um segundo turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, liderou o primeiro turno das eleições 2022 com 48,4%, percentual que representa o total de 57.258.115 votos.
A região Nordeste foi a grande responsável por este resultado, concedendo a Lula, uma vantagem de 12,9 milhões de votos em relação ao rival e atual presidente, Jair Bolsonaro.
Embora a liderança de Lula tenha sido expressiva no Nordeste, o cenário foi bastante controverso nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, onde o petista teve 6,95 milhões de votos a menos que Bolsonaro.
Ainda assim, ao final da apuração, o saldo foi de 6,1 milhões de votos a favor do ex-presidente. Considerando o percentual de votos, o Nordeste foi responsável por 10,96 pontos de vantagem, representando o dobro da diferença final entre os candidatos, que foi de 5,19%.
Sem essa vantagem concedida pela região Nordeste, Lula teria ficado em segundo lugar no primeiro turno das eleições 2022, vivenciando uma disputa ainda mais acirrada em relação a Bolsonaro.
Vale destacar que, apesar da capacidade em quase eleger Lula no primeiro turno, este posicionamento nem sempre foi unânime. Nas eleições gerais de 2018, o Nordeste também foi responsável por reunir o maior número de votos para Bolsonaro no primeiro turno, 1,32 milhão no total.
O montante de votos equivale a oito em cada dez votos que o atual presidente conquistou a mais por todo o Brasil, 1,66 milhão. Em resumo, estes números colocam o Nordeste em uma posição de destaque na disputa presidencial que segue para um segundo turno.
Na circunstância de Bolsonaro, o Auxílio Brasil é a principal moeda de troca visando o apoio da população nordestina. Isso porque, quase metade dos beneficiários, 47%, se encontram no Nordeste. Inclusive, o próprio lançamento do programa em substituição ao Bolsa Família consolidou o objetivo de apagar a marca de Lula na região.
O que faz de Lula tão popular no Nordeste?
A força de Lula e do PT na região Nordeste é representada pelas diversas iniciativas sociais que atenderam, sobretudo, as famílias nordestinas. Alguns exemplos são os programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida.
Sem contar que o próprio petista é natural do sertão Pernambucano, precisamente do distrito de Garanhuns, de onde saiu aos sete anos para se mudar para São Paulo.
A primeira explicação para essa força de Lula no Nordeste é a incrível identificação com aquele povo, que vê nele um igual, um “conterrâneo”, como eles dizem.
Embora viva há quase 70 anos em São Paulo e pelo mundo, Lula continua falando a mesma língua, come a mesma comida, tem os mesmos hábitos e as mesmas lembranças dos seus eleitores dos tempos de quando passou fome e não tinha água limpa para beber.
Por isso, a principal prioridade do seu governo foi o combate à fome, para garantir a cada brasileiro três refeições por dia, o pilar das suas campanhas presidenciais, desde a primeira em 1989.
No seu governo, os programas do Fome Zero e Luz para Todos saíram do papel, assim como a transposição do Rio São Francisco, além da construção de milhares de cisternas por centenas de municípios espalhados pelo sertão. Quem teve pela primeira vez luz e água limpa em suas casas não se esquece disso.
Ao final dos seus oito anos de governo, o Nordeste foi a região que teve o maior crescimento de PIB no país, deixando de ser um exportador de mão de obra barata para formar uma nova geração de jovens com acesso a universidades e escolas técnicas.
Desenvolvimento do Nordeste
Entre 2003 e 2013, o Nordeste teve índice de crescimento de 4,1% ao ano, enquanto o país ficou na marca de 3,3%, de acordo com o Banco Central. Só no ano de 2012, por exemplo, a economia local cresceu o triplo da brasileira.
Em 2014, a região passou a ser a segunda maior em consumo, atrás apenas do Sudeste, e corresponde a 13,8% da economia nacional. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entre 2001 e 2012, o nordestino teve o maior ganho de renda entre todas as regiões, o que fez com que a participação da base da pirâmide social caísse de 66% para 45%.
Tudo isso fez com que a classe média deixasse de representar apenas 28% da população nordestina em 2002, para ser 45% em 2012. As ações dos governos petistas para a região também geraram empregos. Em 2002, apenas cinco milhões de nordestinos tinham emprego formal. Já em 2013, esse número passou para quase nove milhões.