Afinal, onde mora a “pegadinha” do value investing?

Por mais que muitas pessoas ainda não compreendam o funcionamento do mercado financeiro, é nítido que o conceito de investimento está presente no dia a dia da sociedade sem ser tão percebido assim. 

Certamente, você já comprou algum produto ou serviço e pensou: “Paguei barato para algo que está facilitando a minha vida, isso foi um investimento!”.

O que são ativos?

Quando se fala de negócios, um verdadeiro investidor procura empresas e imóveis que consigam gerar renda ao longo do tempo, para assim poder aumentar o próprio patrimônio e alcançar o que se convencionou como independência financeira. De maneira geral, esses negócios costumam ser chamados de ativos.

Diferente do especulador, que não entende exatamente sobre os detalhes do que investe e está fadado à sorte ou azar em uma futura venda, o investidor é aquele com visão de longo prazo, que busca se beneficiar dos resultados propiciados pelos ativos que adquire. Por isso, acaba obrigado a ser diligente em suas escolhas.

Como escolher bons ativos?

Warren Buffett, que provavelmente ganharia o título de maior investidor de todos os tempos se uma votação sobre o tema fosse aberta, tem uma estratégia bastante simples: encontrar negócios de qualidade com vantagens competitivas difíceis de serem replicadas, e que, ao mesmo tempo, estejam sendo negociados a preços atrativos. 

Ele busca unir preços convidativos para adquirir esses ativos ímpares, que volta e meia aparecem dada a volatilidade natural dos mercados em que são negociados diariamente, com um fator qualitativo que não é tão complicado de se identificar assim. Afinal, não há dificuldade alguma em perceber que os produtos da Apple são desejados e que, por isso, possuem um poder de precificação imenso.

Por que as pessoas não copiam a estratégia? 

Mas se essa estratégia parece tão simples assim, onde está a “pegadinha”? A resposta do próprio Buffett a Jeff Bezos, após ser perguntado sobre o motivo das pessoas não cortarem o caminho copiando a sua estratégia, diz quase tudo em pouquíssimas palavras: “Porque ninguém quer ficar rico devagar.”

A pegadinha, portanto, parece estar na dificuldade de se executar, na prática, uma filosofia de investimento eficaz que é simples apenas em sua teoria.

Se enriquecer rápido fosse fácil, o nível de riqueza à nossa volta seria presumivelmente maior. Acontece que a mente, por vezes naturalmente gananciosa e afoita, faz nos esquecermos de raciocínios lógicos tão básicos quanto esse para nos convencer a abandonar uma abordagem racional e embarcar em qualquer nova estratégia que promete ganhos instantâneos.

Como aplicar o Value Investing?

Não há garantia alguma de que você será um investidor de sucesso apenas ao embarcar na filosofia correta de acúmulo de bons ativos adquiridos a preços atrativos, o que se popularizou como value investing, mas suas chances aumentam muito se você se certificar que manterá a execução dessa estratégia por bastante tempo, sem cometer desvios ou erros bobos que te desviem no meio da trajetória.

Durante o percurso, não vão faltar ocasiões em que a manada, ou até mesmo seu cérebro imediatista, vão tentar te convencer a abandonar o investimento em valor.

Na verdade, esses dois costumam conspirar juntos, como nas ocasiões em que os investidores de primeira viagem são tentados a vender ativos que não perderam fundamentos apenas porque apareceu um fluxo de venda derrubando os preços.

Com isso, os preços dos ativos flutuam para cima ou para baixo todos os dias nos mercados, enquanto na maioria das vezes as transformações (para o bem ou para o mal) nesses negócios são muito mais vagarosas. 

Seguramente, se você gastasse R$ 500 mil para construir um imóvel, não se incomodaria e apenas negaria uma proposta de R$ 450 mil logo após a obra ficar pronta. Em resumo, é nítido pelo próprio valor de reposição que o ativo não estaria sendo bem remunerado.

Sendo assim,  quando esses ativos estão listados no mercado, esse tipo de oferta pode chegar aos montes e a todo momento nas telas de negociação, causando aflição ao investidor. Nesses contextos, é muito mais fácil esquecer do valor que se possui em mãos, aceitando propostas que seriam facilmente rechaçadas no “mundo real”.

Por todos esses fatores, a gente pode perceber que o value investing não é apenas uma filosofia técnica, tendo também em seu cerne o controle das emoções em prol das atitudes racionais. Munido desses dois ensinamentos, o investidor demonstrará que realmente entendeu o mercado em sua essência, se tornando preparado para obter vantagem financeira dele.